Morre Roger Avanzi, o ‘Palhaço Picolino’ | Cultura

Se a sua chegada no picadeiro provocou risos por anos e anos, a “saída” dele do grande circo da vida parece ter sido planejada para acentuar as lágrimas. Roger Avanzi, intérprete do palhaço Picolino, faleceu na última segunda-feira, 10 de dezembro, data em que se comemora o Dia do Palhaço. Ironia do destino? Não temos resposta. Mestre das artes circenses, ele morreu aos 96 anos, em decorrência de falência múltipla de órgãos.

Como forma de homenagem, relembramos aqui uma entrevista publicada na CRESCER há dez anos, em 2008. O artista conversou com Daniella Cornachione.

CRESCER: O que é ser palhaço?
PICOLINO:
 Eu sempre recito um poema que pode responder bem à sua pergunta: “Ser palhaço é saber disfarçar a própria dor. É saber esconder que também é sofredor, porque se o palhaço está sofrendo, ninguém deve perceber, pois o palhaço nem tem o direito de sofrer”.

CRESCER: Qual é a importância do palhaço para o circo?
PICOLINO: 
Ele é o personagem principal. Podem existir muitos outros artistas, mas se não tiver um palhaço, o circo não serve. Ele é a alma do circo. E quando dizem que a nossa alegria é ver o circo pegar fogo, é de verdade – só que no bom sentido…O palhaço sempre quer ver a plateia animada.

CRESCER:Tudo no circo é muito lúdico para a criança. Mas o palhaço parece ser ainda mais encantador. Por quê?
PICOLINO: 
O palhaço é bonito, colorido, engraçado e gentil com a criança. E, ao contrário de muitos adultos, que não gostam de brincar, o palhaço gosta e se diverte com isso.

CRESCER: A relação do palhaço com a plateia mudou ao longo do tempo?
PICOLINO: 
O circo está sempre mudando, o palhaço também. Antigamente, o palhaço ficava só no picadeiro e não envolvia a plateia nas brincadeiras. Hoje, ele se comunica muito com o público, chama as pessoas para brincar no picadeiro e vai até elas na plateia.

CRESCER: Qual é a palhaçada de que as crianças mais gostam?
PICOLINO:
 Ah, isso é difícil dizer. Todo mundo gosta quando o palhaço cai. Eu fazia isso de propósito, para divertir as pessoas. Só que às vezes eu errava mesmo, e acabava me machucando. Mas valeu a pena!

CRESCER: Criança tem medo de palhaço ou isso é uma bobagem?
PICOLINO:
 As crianças têm gostos muito particulares. Eu me lembro de quando animava festas de aniversário e, muitas vezes, o próprio aniversariante ficava com medo de mim. Acho que é porque o palhaço é uma figura diferente e a criança pode se assustar. Mas, em algumas dessas ocasiões, aquela criança que não se aproximava no início logo entrava na brincadeira…

CRESCER: Você ainda trabalha como palhaço?
PICOLINO:
 Continuo trabalhando em circo apenas quando me convidam para fazer espetáculos especiais. Apesar de estar com 86 anos, ainda pinto a cara de Picolino! O que mais tenho feito são palestras para falar sobre o meu personagem. Eu tenho tanta coisa pra contar, que acabo fazendo uma salada!

CRESCER: E afinal, qual é o segredo para viver tantos anos e tão bem?
PICOLINO: 
Ser feliz! A felicidade me ajuda a viver bem. Tudo o que fiz, se tivesse que fazer de novo, faria com toda alegria e boa vontade! A vida de circo é maravilhosa.

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