Três Anúncios Para Um Crime: violência e impunidade no favorito ao Oscar 2018 | Cultura

Em Três Anúncios Para Um Crime, Frances McDormand interpreta uma mãe em busca de justiça pelo assassinato cruel de sua filha adolescente na pequena cidade de Ebbing, Missouri.

Após meses sem nenhum avanço da investigação policial, Mildred decide provocar as autoridades anunciando em outdoors a incompetência na resolução do caso. Seus anúncios chamam a atenção da mídia e mexem com a comunidade, dando início a uma série de repercussões e abrindo novas feridas.

A premissa do filme parece sugerir uma trama sobre crime e impunidade, na qual os espectadores poderiam acompanhar e torcer pela história de uma mãe fazendo justiça com as próprias mãos. Porém, a narrativa segue por uma direção inédita ao tratar da violência em um sentido mais amplo: como sintoma da cultura regional (americana).

Mildred não se dá por vencida, e, na interpretação feroz de Frances McDormand, passa a realizar ações cada vez mais perigosas para conseguir seu objetivo. Sua luta se torna um problema para a sociedade, um peso para sua família e uma grande dor de cabeça para a polícia.

Enquanto a situação dos cartazes de Mildred se intensifica, passamos a entender também outras formas de violência – seja a doença de um personagem ou a criação abastarda de outro, além de atos de preconceito e racismo que pontuam a narrativa e formam um panorama maior de pequenos crimes e delitos.

O diretor e roteirista Martin McDonagh já havia realizado uma pequena obra-prima com o filme Na Mira do Chefe (In Bruges) e volta aqui a lidar com o tema da violência em uma narrativa que equilibra drama com um humor ácido e irônico, sem perder a seriedade.

O cineasta produz sentimentos contraditórios nos espectadores. É possível, por exemplo, sentir ao mesmo tempo raiva, compaixão, repugnância e até mesmo graça com o policial bruto e conflituoso interpretado por Sam Rockwell. A representação de figuras complexas como o perturbado Dixon dá maior credibilidade e dimensão à história, e problematiza ainda mais a questão espinhosa e profunda da violência social.

Com a progressão da trama, Três Anúncios Para Um Crime se revela menos interessado na resolução do caso ou na busca por justiça e passa a discutir, de forma mais efetiva, os ciclos de violência perpetuados – e de que maneira seria possível quebrar esse ciclo quando se carrega um histórico de ressentimento, luto e sofrimento. E com essa pergunta, o filme questiona a própria natureza (da violência) humana.

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