O mês de agosto se passou e eu sobrevivi. Fiquei 31 dias longe de fofocas, intrigas, bom dias, lulas, bolsonaros, gemidões e vídeos sobre Barretos. A vida fica mais leve quando a gente vive somente a nossa vida e deixa de lado esse BBB bizarro das redes sociais.
A primeira reação da maioria das pessoas que tomam conhecimento de que deixei o Whatsapp é “mas e os compromissos de trabalho?”. Sim, o aplicativo faz falta no dia-a-dia, mas eu me recusei a acreditar que a sociedade humana trabalhou durante 5000 anos e construiu desde pirâmides até a bomba atômica sem precisar de mensagens instantâneas.
Na verdade, tentamos esconder a realidade de que passamos muito mais tempo do que o necessário vigiando a vida alheia e, pior, expondo a nossa privacidade a gente demais. Pesquisas apontam que, em média, checamos o celular 47 vezes ao dia, durante quase duas horas e meia. Em média! Ou seja, neste mês que fiquei fora da estatística, alguém checou 94 vezes e perdeu quase cinco horas diariamente…
No Brasil esse número é ainda maior! Aqui, onde o desemprego está em nível assustador, são mais de três horas e meia por dia dando uma espiadinha no mundo dos sonhos virtual. Naquela vida em que todo mundo posta foto comendo, mas quase ninguém posta foto dando descarga. Já reparou que o único lugar da casa do BBB onde as câmeras não transmitem ao vivo é o banheiro?
Com a mão na consciência, pensei quem era tido como fofoqueiro nos tempos da minha infância, quando descobri o significado da palavra. As “donas fifis” de quem lembrei passavam alguns minutos ao telefone ou em eventos sociais comentando a vida alheia.
Hoje, nós, “donas fifis cibernéticas tupiniquins” ficamos mais 3h30, das 16 horas em que estamos acordados, olhando para a vida dos outros em nossos smartphones. Da pra perceber que não é por conta de trabalho que estamos fazendo isso.
A não ser que trabalhemos para a Mama Bruscheta, o Leão Lobo, o Nelson Rubens, etc…