Com a ascensão da direita e as discussões políticas tomando conta do cenário, tentei me lembrar de algum filme que pudesse ilustrar esse fenômeno que estamos vivenciando nesse ano eleitoral. Não pude pensar em outra obra que não fosse o filme Clube da Luta, de David Fincher.

Ao contrário do que alguns podem pensar, não escolhi esse filme com a intenção de ilustrar os confrontos que que tomaram conta das ruas e das redes sociais. Escolhi por que creio sinceramente que essa possa ser a única obra que pode traduzir o momento que estamos vivendo, que parece ser ignorado ou até mesmo incompreensível para nossas classes autointituladas cultas.

Em Clube da Luta, tanto no livro quanto no filme, o tema abordado é a revolta do homem comum contra os valores e padrões de comportamento impostos no momento. A onda (o termo correto seria tsunami) conservadora que tomou conta do país e que assusta a nossa mídia chique representa nada mais que a rebelião do brasileiro médio contra as políticas e valores morais impostos à população nos últimos 20 anos e que afrontam diretamente a tudo que acreditam.

O cidadão comum acredita no direito de se defender, no trabalho duro e na justa punição de criminosos. Não me cabe aqui discutir se esses ideais estão certos e errados, acontece que não se pode negar que a grande mídia, a classe artística e as políticas dos últimos anos fizeram questão não apenas de ignora-los, como rotula-los de fascistas e retrógrados. O incômodo causado por esse tipo de marginalização transformou-se em raiva, que se transformou em uma revolta contra o pensamento vigente, expressado agora pelo avassalador resultado do primeiro turno das eleições.

No terceiro ato do filme, o personagem principal se dá conta de que o movimento criado por ele não pode mais ser revertido ou derrotado. A apuração das urnas no dia 7 de outubro de 2018 mostra que a mesma coisa ocorreu em nosso país. Como no final do filme Clube da Luta, só nos resta segurar na mão da pessoa amada e juntos contemplarmos esse novo cenário.