Trump ordena divulgar 3.600 relatórios secretos sobre o assassinato de John Kennedy | Política

O ruído daquelas balas continua ecoando. Desde que o 35.o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, foi assassinado em Dallas (Texas), em 1963, a História tentou fechar um dos capítulos mais convulsivos do século XX norte-americano. Uma tarefa que nunca foi possível e que agora, 54 anos depois, enfrentará outra prova de fogo com a decisão de Donald Trump de tornar públicos os 3.600 relatórios que ainda permanecem secretos.

A contagem regressiva já havia começado. A lei de 1992 que mantinha ocultos os papéis expira neste 26 de outubro. Divulgá-los ou ampliar sua confidencialidade dependia diretamente do presidente. Houve especulações de que Trump se negaria por pressão da CIA, mas ele finalmente optou por permitir que o material venha à tona.

Guardados no Arquivo Nacional, os documentos estão prontos para serem revelados. Vêm sendo preparados há meses por uma equipe de especialistas com autorização especial. São milhões de páginas, em sua maioria da CIA e do FBI. Se tiverem plena divulgação, tornarão possível uma reconstrução mais profunda do magnicídio que fez o mundo estremecer. Mas também alimentarão teorias conspiratórias que impediram o avanço do caso desde o início.

Entre os documentos que despertam mais interesse, estão os relatórios sobre a enigmática viagem do assassino Lee Harvey Oswald ao México antes do crime. Numa estranha manobra, esse antigo e desequilibrado fuzileiro naval atravessou a fronteira sul em 26 de setembro de 1963. Sua meta era conseguir um visto, tendo a União Soviética como destino final. Para isso, compareceu às embaixadas cubana e russa na Cidade do México, onde mostrou sua afinidade pela causa comunista.

A desconfiança que despertou nos funcionários e a sua incapacidade para um diálogo normal, segundo os informes da época, acabaram com suas pretensões. Em 3 de outubro, Oswald regressou aos EUA. Mas sua entrada nas legações diplomáticas das potências inimigas não passou despercebida nos relatórios que agora serão divulgados.

Outros documentos deixarão expostos, com nome completo, fontes oficiais, políticos e até mesmo agências de espionagem estrangeiras que na época prestaram ajuda em troca de anonimato. Esse ponto, como recordou o especialista Philip Shenon, pode limitar a difusão de alguns relatórios ou reduzir sua publicação a uma forma censurada. O próprio Trump, em seu anúncio pelo Twitter, deixa a porta aberta a certas restrições.

Os que manejaram os arquivos ao longo dos anos afirmam que não contêm bombas, mas que podem ajudar a completar um quadro ainda marcado por muitas incógnitas. A responsável pelo arquivo, Martha W. Murphy, indicou que a principal virtude dos documentos reside na luz que jogam sobre a Guerra Fria e o modus operandi das agências oficiais da época.

Seja qual for a carga que os relatórios trouxerem consigo, certamente voltarão a abrir a discussão sobre o magnicídio e suas sombras. Uma comissão independente, liderada pelo presidente da Suprema Corte, Earl Warren, estabeleceu na época que tudo foi obra de Oswald e que não houve nenhuma conspiração. Essa conclusão foi questionada durante décadas.

Frente à teoria oficial do assassino solitário, floresceram hipóteses de todo tipo, segundo as quais o poder, a máfia e as titânicas forças liberadas pela Guerra Fria andaram de mãos dadas. Explicações fragmentadas, mas também sedutoras, que em seu conjunto deram origem ao filme JFK (1991), de Oliver Stone, que colocou o vice-presidente Lyndon B. Johnson no centro de uma trama contra Kennedy.

Foi justamente no clima de controvérsia gerado pelo longa que o Congresso, através de um comitê de revisão, liberou milhares de documentos até então secretos e deixou outros para o futuro. São estes que agora ficarão acessíveis e alimentarão o fogo da polêmica. Essa enigmática fogueira que continua acesa quase 54 anos depois.

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