Crime comoveu a cidade e teve envolvimento da ex-mulher
Há 30 anos, na noite de 22 de julho de 1994, o Globo Repórter mostrava a conquista da Seleção Brasileira com o tetra na Copa do Mundo dos Estados Unidos ocorrido no domingo, 17 de julho, na vitória sobre a Itália nos pênaltis. Naquela mesma noite, o prefeito José Antonio Sanches Dias (47 anos) reinaugurou a Quadra Municipal de São Roque, no final da Avenida Antonino Dias Bastos. De repente surge a informação que o prefeito de São Roque tinha sido baleado após um roubo em sua residência na Rua Barão de Rio Branco (Jardim Meny).

Ao chegar na Santa Casa a informação que o prefeito Sanches estava morto. Era o início da madrugada, não podia dar a notícia na Rádio Universal porque encerrava a programação à meia-noite e reabria às 5 da manhã. Liguei para a Rádio Jovem Pan e imediatamente pediram a gravação de um boletim. Foi a primeira vez que falei na Jovem Pan onde trabalharia por 19 anos a partir de 1996.

São Roque amanheceu abalada com o assassinato e em busca de informações. Emissoras de TV e rádio vieram para a cidade em um tempo que isso não era comum. O Democrata colocou na segunda-feira (25) uma edição extra trazendo detalhes do crime.
“Por volta das 22 horas (22), o prefeito muncipal José Antonio Sanches Dias (PTB) foi barbaramente assassinado e espancado. O corpo foi encontrado no interior de seu veículo Apolo, placas DG-6112, vermelho, na altura da indústria Ramie (ex-tecelagem Sandra), apresentando perfurações feitas com arma de fogo, com ferimentos na cabeça e costas, num total de três tiros”. Depois o laudo confirmou que foram 6 tiros (três na cabeça e três nas costas).

“Segundo consta, dois elementos entraram na residência do prefeito e aguardaram a chegada dos moradores. Às 19h30, sua mulher Isabel chegou em companhia do filho de 5 anos. O portão foi aberto pelo vigia Edival Firmo que como de hábito iniciava o turno de trabalho às 19h30 permanecendo no local até a chegada do último morador. O vigia permaneceu do lado de fora da casa, sem suspeitar da presença dos marginais ou mesmo de qualquer outra anormalidade.”
“Assim que entraram na casa, Isabel e o filho foram rendidos pelos bandidos que a obrigaram a dispensar o vigia sob alegação de que R.S. (filho de Sanches na primeira união) iria pernoitar fora de casa. Em seguida, foram amarrados pelos marginais com fios de telefone e presos em um quarto. Sanches chegou mais tarde (21h30), levado para casa pelo irmão Roque Júlio e ao entrar foi surpreendido, dominado e algemado. Os marginais apoderaram-se de mil dólares, relógio, joia, arma, aparelho de TV 14 polegadas e vídeo-cassete.”

“Quando se dispunham a deixar o local dos fatos com o Fusca de Isabel, o filho R.S. chegou dirigindo o Apolo e foi igualmente rendido. Os bandidos que não estavam encapuzados, desligaram os fios de telefone e fugiram usando o Apolo e levando Sanches como refém. Meia hora depois, Sanches foi encontrado morto dentro do veículo”.
Inicialmente o caso foi registrado como latrocínio (roubo seguido de morte), mas também não se descartou a possibilidade de um crime político. No entanto, as investigações prosseguiram e descobriu-se o envolvimento da ex-esposa Rosalina Aguiar Sanches como mandante do crime e até mesmo a participação do filho que teria facilitado a entrada dos bandidos.
Segundo o delegado Wagner Giudice (DHPP – Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), Rosalina teria contratado dois homens para simular um roubo com o pagamento de 12 mil dólares pelo crime em três parcelas.
R.S. também teria confessado a entrega da chave da casa para os matadores entrarem. Entretanto, disse que pensava que a mãe havia contratado os homens só para dar uma surra em Sanches. Manuel Vicente da Silva (Araponga, 30 anos) e Luís Guedes da Silva (Índio, 35 anos) comenteram o crime e o assistente administrativo Leôncio Aberes Claudio (20 anos) teria transportado os dois homens de São Paulo para São Roque. Todos os acusados foram condenados, inclusive Rosalina que passou por mais de um julgamento.

O velório de Sanches ocorreu na entrada da Prefeitura de São Roqu na rua São Paulo, prédio da antiga Peterco que tinha sido comprado recentemente pelo próprio prefeito. Sanches tinha 47 anos e foi vereador (1983 e 1988) e presidente da Câmara. Candidatou-se a prefeito em 1988 e perdeu para Zito Garcia, ex-compaheiro de PMDB, e chegou à Prefeitura em 1992. Com a morte assumiu o vice-prefeito Wagner Nunes.
Vander Luiz