Uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) desarticulou nesta quarta-feira (23) um esquema nacional de cobranças indevidas em aposentadorias e pensões do INSS. Batizada de Operação Sem Desconto, a ação investiga entidades que, entre 2019 e 2024, arrecadaram ilegalmente cerca de R$ 6,3 bilhões por meio de descontos associativos não autorizados.

A ofensiva mobilizou cerca de 700 agentes da PF e 80 servidores da CGU, que cumpriram 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária em 14 unidades da federação, incluindo o Distrito Federal e os estados de SP, MG, RS, PR, GO, AM, CE, PE, AL, RN, MA, SE e MS. Também foram expedidas ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão, além do afastamento de seis servidores públicos.
Envolvimento da alta cúpula do INSS
Entre os afastados está o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi indicado ao cargo pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Além dele, também foram afastados outros cinco servidores do INSS e um policial federal, todos investigados por possível participação no esquema. Os servidores ocupavam cargos estratégicos, como:
- Diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão (INSS)
- Chefe da Procuradoria Federal Especializada do INSS
- Coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente (INSS)
- Coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios (INSS)
Carlos Lupi ainda vai se reunir com o presidente Lula para definir quem assumirá a presidência do instituto.
Manifestação da FENASPS
Em nota, a Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (FENASPS) afirmou que, embora o motivo do afastamento tenha surpreendido muitos, a categoria já denunciava há tempos a “gestão desastrosa, métodos antidemocráticos, truculência e o tratamento desrespeitoso com os trabalhadores”. A entidade repudiou a possível utilização do INSS como “balcão de negócios” e cobrou investigações rígidas e transparentes, com punição exemplar aos envolvidos.
Como agir em caso de desconto indevido?
A PF orienta aposentados e pensionistas a verificarem seus extratos de pagamento no aplicativo ou site Meu INSS. Caso identifiquem descontos de mensalidade associativa sem autorização, é possível:
- Solicitar a exclusão ou bloqueio do débito diretamente pelo app ou site;
- Ligar para a Central 135;
- Ou entrar em contato com a entidade responsável pelo desconto.
A operação reforça a importância da fiscalização constante dos benefícios previdenciários e o uso consciente das ferramentas digitais para prevenir abusos e fraudes.
Com informações do SBT News.