Em 10 de julho de 1875, foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que transformou a economia dos municípios por onde seus trilhos passaram, ligando inicialmente São Paulo a Sorocaba, até a Fábrica de Ferro Ipanema. Em 1922, a linha-tronco estendeu-se até Presidente Epitácio, na divisa com o Mato Grosso do Sul. Transportou pessoas, cargas e progresso. No entanto, o Brasil optou pelas rodovias, valorizou os carros, e as ferrovias caíram no esquecimento e no abandono.




A Sorocabana passou por várias mudanças: fusão com a Ytuana (1892), controle do governo federal (1903), venda para o governo do Estado de São Paulo (1905), arrendamento ao Grupo Percival Farquhar (1907), retorno ao governo paulista (1919), até ser incorporada pela Fepasa (Ferrovias Paulistas S/A), em 1971. Parte da linha foi transferida para a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O Barão de Piratininga (Antonio Joaquim da Rosa), apontado por muitos como o maior líder político de São Roque, foi um dos sócios-fundadores da Sorocabana. Lutou para que os trilhos passassem pelo centro da cidade. Já doente, reconheceu que não pôde participar de reuniões decisivas sobre a mudança de traçado. Por isso surgiu a Rua da Estação (atual Avenida João Pessoa). Depois veio a construção da estação atual.
Nem tudo foi alegria. No final de 1929, começaram os rumores sobre a transferência da oficina de Mairinque (que pertenceu a São Roque até 1958) para Sorocaba, no mesmo período em que foi inaugurado o primeiro trecho da linha Mairinque–Santos com as estações do Goianã e Canguera. Onde há fumaça (mesmo que seja da Maria Fumaça), há fogo. A mudança causou um grande abalo financeiro no município, com a saída de centenas de famílias e a perda de milhares de empregos. Houve prejuízo para o comércio, desvalorização de imóveis e empobrecimento da população. Até as bandas perderam músicos. Tudo isso durante um período de crise mundial: a Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 24 de outubro de 1929, que deu início à Grande Depressão e se prolongou por mais de uma década.
No sesquicentenário (150 anos) da inauguração da Estrada de Ferro Sorocabana, não devemos nos limitar ao saudosismo. Os registros históricos servem para nos ensinar que erros não devem ser repetidos. De olho no futuro, cresce a expectativa pelo início das obras do Trem Intercidades, entre São Paulo (Água Branca) e Sorocaba. A versão expressa será de ponto a ponto. Na modalidade “parador”, São Roque será uma das estações. As outras serão em Brigadeiro Tobias, Amador Bueno (Itapevi) e Carapicuíba. Mairinque (berço ferroviário) e Alumínio também reivindicam paradas.
Vander Luiz