O general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, admitiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter sido o autor do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”. O documento, segundo investigações da Polícia Federal, detalhava um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
No depoimento prestado nesta quinta-feira (24), Fernandes afirmou que o plano era apenas um “pensamento pessoal”, descrito como um “estudo de situação” que foi digitalizado e impresso para leitura — alegando dificuldades de visão. Apesar de negar ter compartilhado ou apresentado o conteúdo a terceiros, a PF aponta que três cópias foram impressas no Palácio do Planalto, pouco antes de Fernandes se dirigir ao Palácio da Alvorada, onde estavam Jair Bolsonaro e Mauro Cid.
O general também alegou que a reimpressão do documento, feita um mês depois, ocorreu após alterações no conteúdo. Ele afirmou não lembrar de ter gerado múltiplas cópias, atribuindo o fato a uma possível configuração da impressora.
De acordo com a Polícia Federal, Bolsonaro teria conhecimento do plano. As investigações indicam que o “Punhal Verde e Amarelo” previa ataques armados e o uso de veneno contra as autoridades, além de citar o envolvimento de militares das Forças Especiais do Exército.
Essa fase do inquérito integra a investigação sobre um suposto núcleo militar que teria planejado um golpe de Estado para impedir a posse de Lula em 2022. Segundo delações, Fernandes era um dos principais incentivadores da intervenção das Forças Armadas.