A fase da introdução alimentar vai muito além da transição do leite materno para os alimentos sólidos — ela influencia diretamente os hábitos e a saúde da criança ao longo da vida. De acordo com a pediatra Gabriela Oliani, da Santa Casa de São Roque (CEJAM), o desenvolvimento do paladar pode começar já na gestação, quando o feto tem contato com moléculas dos alimentos consumidos pela mãe.

Dados do UNICEF mostram que quase metade das crianças entre 6 meses e 2 anos não consome frutas ou verduras regularmente, o que aumenta o risco de obesidade e doenças relacionadas. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que mais de 3,1 milhões de crianças de até 10 anos estejam com obesidade, reflexo da introdução precoce de ultraprocessados, sucos adoçados e fast food.
A médica reforça que o momento da refeição deve ser visto como uma experiência afetiva e de vínculo familiar, evitando pressões, recompensas ou punições, que podem levar a transtornos alimentares no futuro. Ela também alerta para dois desafios modernos: a influência da publicidade infantil de alimentos não saudáveis e o excesso de tempo em frente às telas, que aumentam o consumo de calorias e reduzem a qualidade do sono.
Segundo a especialista, limitar o uso de telas a no máximo duas horas por dia e priorizar brincadeiras ao ar livre são medidas fundamentais. Já para as gestantes, a orientação é clara: começar a construir hábitos saudáveis desde o início, garantindo mais chances de aceitação alimentar e qualidade de vida para os filhos.
Sobre o CEJAM
O CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos que, desde 1991, atua em parceria com o poder público na gestão de serviços de saúde em diversas cidades do Brasil. Reconhecida como instituição de excelência no apoio ao SUS, recebeu em 2025 a certificação Great Place to Work. Além da assistência, promove ações de prevenção, inovação e compromisso com princípios de ESG, reforçando seu papel transformador na saúde pública.