No dia 6 de setembro de 1960, faleceu, aos 79 anos, o coronel Euclydes de Oliveira, um dos grandes líderes políticos de São Roque e região. O título de “coronel” não se refere a uma patente militar, mas sim à sua posição como respeitado chefe político local.

Foi vereador da Câmara Municipal de São Roque em diversos mandatos (1914–1917, 1929–1930 e 1948–1951) e prefeito do município entre janeiro e novembro de 1930, em um período em que não havia eleição direta para o Executivo. Nessa época, o prefeito era escolhido entre os vereadores pela própria Câmara Municipal.

Euclydes era o prefeito de São Roque quando ocorreu o Golpe de 1930, que depôs o presidente Washington Luís (23 de outubro de 1930) e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. Getúlio Vargas determinou o fechamento das assembleias legislativas estaduais e câmaras municipais. Os estados passaram a ser governados por interventores e os municípios por prefeitos nomeados em acordo com o governo federal.
Além de político, Euclydes de Oliveira exerceu a profissão de professor. O jornal O Democrata (10 de setembro de 1960), ao noticiar sua morte, destacou. “Oriundo de tradicional e distinta família são-roquense, o saudoso professor e diretor do Grupo Escolar Bernardino de Campos, deputado estadual até 1930, vereador e prefeito de São Roque, gozava de muita estima e prestígio não só nesta cidade como também na Capital.”

Eleito deputado estadual para o mandato de 1928–1930, último da República Velha, Euclydes acumulou no mesmo período o cargo de prefeito, fato que causa estranheza. A explicação está na dinâmica das legislaturas. As eleições para deputado aconteciam no início do ano, mas as sessões podiam começar apenas meses depois, com calendário reduzido.
A eleição para deputado estadual era distrital. Cada região votava apenas em seus candidatos, o que favorecia lideranças locais. Euclydes foi eleito pelo 4º Distrito, cuja sede era Itu, abrangendo cidades como Sorocaba, Piedade, Tatuí, Porto Feliz, Jundiaí, Indaiatuba, Ibiúna (antiga Una). Em São Roque, havia apenas uma paróquia (Igreja da Matriz), enquanto Sorocaba contava com as paróquias de Nossa Senhora da Ponte e Nossa Senhora do Rosário.

No pleito, o são-roquense obteve a expressiva marca de 12.514 votos, sendo o mais bem votado do distrito. Todos os eleitos pertenciam ao PRP (Partido Republicano Paulista), legenda dominante na política paulista da época.
Euclydes era filho de Maurício de Oliveira, vereador em São Roque (1891 e 1892–1895), ligado ao Barão de Piratininga, Antonio Joaquim da Rosa. Solteiro e sem filhos (pelo menos sem reconhecimento oficial), deixou herança destinada por testamento a Maurício e Antonia Marcolina da Rosa.
No livro Terceiro Centenário de São Roque (1957), Euclydes registrou a biografia do Barão de Piratininga e narrou. “Foi então que meu pai, Maurício de Oliveira, foi a São Paulo na manhã de 26 de dezembro de 1886. De lá retornou com o médico… No nomento em que entraram onde estava o doente e se aproximaram do leito, o Barão teve uma síncope e faleceu.”
Euclydes de Oliveira também participou das revoluções de 1924 e 1932. No movimento constitucionalista, organizou um contingente de são-roquenses para a Brigada Sul, incluindo três de seus filhos. Afastou-se da política após a Revolução de 1930. O Democrata registrou ainda em sua nota de falecimento. “Era casado em primeiras núpcias com a professora Rosina de Oliveira, de cujo matrimônio nasceram os seguintes filhos: o médico Euclides de Oliveira (Dr. Mano), o professor Alino de Oliveira e Gastão de Oliveira. Em segundas núpcias, era casado com Maria Cirila Oliveira. Era irmão de Adelina Oliveira Lima, casada com o professor Fernando Lima, e cunhado de Maria Guazelli Oliveira. Deixa inúmeros netos.”
O prefeito Mário Luiz Campos de Oliveira decretou luto oficial por três dias. Rosina de Oliveira, sua primeira esposa, foi homenageada com o nome da rua que liga a Rua Barbosa à XV de Novembro, local da residência da família.
Nome de escola e rua
Euclydes de Oliveira é patrono da Escola Municipal de Canguera, localizada na Rua Amaro Godinho, 1505 (Rodovia Quintino de Lima), conforme o Decreto nº 29.161, de 3 de outubro de 1961, assinado pelo governador Carvalho Pinto. O documento ressalta sua “longa e fecunda atuação no magistério primário oficial do Estado e a contribuição ao desenvolvimento do município de São Roque, sua terra natal”. Também dá nome a uma rua no bairro Jardim Ester.
Vander Luiz