O Brasil é hoje o terceiro maior mercado de suplementos do mundo. Segundo a Euromonitor, em 2024 o setor movimentou R$ 4,6 bilhões no país, enquanto o mercado global alcançou US$ 28 bilhões. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri) projeta que o segmento atinja R$ 9,6 bilhões até 2028, o que representaria um crescimento de 120%. Atualmente, dois em cada três lares brasileiros têm pelo menos uma pessoa consumindo algum tipo de suplemento.

Apesar dos números, a nefrologista Dra. Alessandra Bonilha, da Santa Casa de São Roque – unidade administrada pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a prefeitura –, alerta que o uso excessivo ou sem acompanhamento médico pode comprometer a saúde dos rins.
Riscos para a saúde renal
Segundo a especialista, substâncias como proteínas, creatina e vitamina D, quando ingeridas em excesso, podem sobrecarregar os rins. Há registros de casos de cálculos renais, insuficiência renal aguda e necessidade de hemodiálise relacionados ao uso inadequado.
Os rins atuam como filtros do organismo, eliminando substâncias pela urina. Quando há excesso de proteínas ou suplementos, o órgão precisa trabalhar mais, aumentando o risco de disfunção temporária ou permanente.
Entre os principais sinais de alerta estão alterações na cor e quantidade de urina. Para quem consome suplementos regularmente, a médica recomenda a realização de exames como creatinina, ureia, urina tipo I e ultrassom dos rins e vias urinárias.
Suplementos pré-treino e cafeína
Produtos que contêm cafeína ou vasodilatadores também podem afetar os rins se utilizados incorretamente. A cafeína, por exemplo, pode aumentar a produção de urina, mas em altas doses gera sobrecarga renal. Já os vasodilatadores, em excesso, podem interferir na autorregulação do órgão.
Hiper-hidratação: um risco pouco conhecido
Embora a água seja essencial, a ingestão excessiva pode levar à hiponatremia, caracterizada por baixos níveis de sódio no sangue. Os sintomas incluem confusão mental, convulsões e até coma.
Orientação médica é fundamental
De acordo com a especialista, a suplementação pode ser segura quando realizada com supervisão de nefrologistas, nutricionistas e médicos do esporte. Em indivíduos saudáveis, o uso de produtos como whey protein e creatina, em doses recomendadas, geralmente não causa danos.
O risco aumenta quando suplementos são combinados com anabolizantes ou termogênicos, que podem afetar a pressão arterial, a função renal, o fígado e a tireoide.
Antes de iniciar qualquer suplementação, é indispensável passar por avaliação médica e exames clínicos. Segundo a médica, muitos nutrientes podem ser obtidos por meio de uma alimentação equilibrada, sendo a suplementação indicada apenas em casos de necessidade comprovada.
Sobre o CEJAM
Fundado em 1991, o CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica que atua em parceria com o poder público no gerenciamento de serviços de saúde em diversos municípios. Integrante do IBROSS, tem como missão promover ações de saúde e apoio ao SUS. Em 2025, conquistou a certificação Great Place to Work e lançou a campanha “365 novos dias de saúde, inovação e solidariedade”, reforçando seu compromisso com os princípios de ESG.