Em 1950, Getúlio Vargas mais uma vez presidente do Brasil; Juvenal Lino de Mattos, o deputado preferido dos são-roquenses – O Democrata

Qual foi o assunto mais comentado no Brasil em 1950? Apesar do título da coluna induzir o leitor, aposto que a maioria responderá: a Copa do Mundo. O “Maracanaço”, com o título do Uruguai no maior templo do futebol mundial. O estádio havia sido inaugurado naquele mesmo ano e era chamado de “Mendes de Moraes” (nome do prefeito do Rio de Janeiro) ou Estádio do Derby (construído no terreno do antigo hipódromo Derby Club).

Candidato a reeleição, Juvenal Lino de Mattos recebeu grande apoio das lideranças políticas de São Roque

Na metade do século passado, o Brasil viveu outros dois momentos históricos: em 18 de setembro, a inauguração da TV Tupi, primeira emissora do país, e a eleição presidencial que trouxe Getúlio Vargas de volta ao poder. O rádio vivia seu auge e ainda não havia televisores à venda no Brasil. Por isso, a chegada do novo veículo de comunicação teve pouco impacto no interior do Estado. Já a eleição de 3 de outubro ocupou grande espaço nos jornais. O Arquivo Vivo resgata parte do que foi publicado pelo Jornal O Democrata durante aquele período eleitoral.

O governador Adhemar de Barros surpreendeu ao apoiar Getúlio Vargas a presidente. Voto dos paulistas foi decisivo

Nas eleições de 3 de outubro de 1950, foram escolhidos presidente e vice, governadores e vice, senadores, deputados federais e estaduais. Também se votava para vice-presidente e vice-governador. Em São Roque, três políticos locais disputaram vagas na Assembleia Legislativa, mas não foram eleitos: o vereador Júlio Arantes de Freitas (1.099 votos), o prefeito Joaquim Firmino de Lima, o Zico Lima (741), e Hypolito de Moura Júnior, o Dolinho (171). Em Ibiúna, Júlio somou 193 votos, Zico Lima 28 e Dolinho apenas 1.

Jornal O Democrata publica o resultado das eleições de 1950 em São Roque

São Roque concentrou apoio em outro candidato com forte ligação com a cidade: Juvenal Lino de Mattos, tratado pelo O Democrata como representante local. Ele mantinha um sítio em Canguera (então chamada Júlio Prestes, em razão do nome da estação ferroviária).

Nascido em 28 de março de 1904, em Ipaussu (na época distrito de Santa Cruz do Rio Pardo), Juvenal residia em São Paulo, na Avenida Rebouças, e buscava a reeleição para a Assembleia Legislativa. Foi o terceiro mais votado, atrás apenas de Jânio Quadros (17.840 votos) e Porfírio da Paz (16.122), um dos fundadores do São Paulo F.C. e autor do hino do clube. Juvenal Lino de Mattos somou 14.763 votos, sendo o “campeão” do PSP, superando Athiê Jorge Coury (presidente do Santos F.C., onde também atuou como goleiro).

Almoço para comemorar a vitória de Lino de Mattos contou com dezenas de adesões

Em São Roque, Juvenal obteve 1.124 votos (7,6% do total). Em Ibiúna, foram 620. Somando os dois municípios, a região respondeu por 11,81% de seus votos. A vitória foi celebrada em São Roque com uma grande festa que reuniu importantes lideranças. O professor Argeu Villaça, acompanhado da esposa Amélia, abria a lista de adeções.

Juvenal Lino de Mattos (1904/1991): grande ligação com São Roque tinha um sítio em Canguera

Assim que tomou posse, Lino de Mattos licenciou-se da Assembleia para assumir a Secretaria da Educação no governo de Lucas Nogueira Garcez. “Lino de Mattos era muito amigo da gente, vivia na nossa casa na rua Marechal Deodoro. Meu pai [Argeu Villaça] abandonou a profissão de dentista para ser chefe de gabinete na Secretaria da Educação. Depois, houve o rompimento entre o governador Garcez e Adhemar de Barros, obrigando o Lino a deixar a secretaria. A situação ficou difícil e o único pedido que ele fez ao Garcez foi para não deixar o meu pai na mão. Meu pai foi nomeado diretor de Carteira da Caixa Econômica Estadual, onde permaneceu até encerrar a vida profissional”, recorda Argeu Villaça Filho.

ADHEMAR DE BARROS APOIO A GETÚLIO VARGAS
No cenário nacional, o governador Adhemar de Barros teve papel decisivo. Adhemar preparava-se para disputar a presidência, mas houve uma reviravolta e acabou apoiando Getúlio Vargas.

Assim é a política. O mesmo Getúlio, que havia enfrentado o povo paulista na Revolução Constitucionalista de 1932, retornou ao Palácio do Catete com o apoio de 37,96% dos eleitores de São Paulo. Desde 1945, Vargas é o único presidente eleito sem a preferência dos mineiros.

Como dizia a marchinha cantada por Francisco Alves: “Bota o retrato do velho outra vez. Bota no mesmo lugar, o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”. Mas Getúlio não completou o mandato: em 24 de agosto de 1954, cometeu suicídio.

Em São Roque, Vargas teve 71,58% dos votos (3.728), seguido por Cristiano Machado (767), Eduardo Gomes (684) e João Mangabeira (29). O eleitorado local também acompanhou os vencedores para vice-presidente (Café Filho, 47%), governador (Lucas Nogueira Garcez), vice-governador (Erlindo Salzano), senador (César Vergueiro) e suplente de senador (Lineu Prestes).

Vander Luiz

Jornal O Democrata São Roque

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