A cidade de Belém (PA) se torna, hoje (6/11), o centro das atenções mundiais com a reunião de dezenas de líderes internacionais antes da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. O encontro antecede o evento principal e ocorre em um momento em que a cooperação global enfrenta sérias tensões, levantando dúvidas sobre a capacidade dos países de avançar nos compromissos climáticos.
A COP30 marca 30 anos de negociações climáticas globais. Apesar de avanços pontuais, cientistas alertam que as reduções de emissões ainda estão longe do necessário para conter o aquecimento global extremo nas próximas décadas.
A organização brasileira confirmou a presença de 53 chefes de Estado e mais de 40 líderes subnacionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres. No entanto, quatro das cinco maiores economias poluidoras — China, EUA, Índia e Rússia — não estarão representadas, com apenas o líder da União Europeia participando oficialmente.
A ausência dos Estados Unidos, país que optou por não enviar delegação, abre espaço para um diálogo mais equilibrado, segundo especialistas. “Sem a presença dos EUA, podemos ver uma verdadeira conversa multilateral acontecendo”, destacou Pedro Abramovay, da Open Society Foundations.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve aproveitar o encontro para reforçar o papel do Brasil como articulador global em temas climáticos, com reuniões bilaterais previstas com Emmanuel Macron (França) e Keir Starmer (Reino Unido), além de encontros com representantes da China, Finlândia e União Europeia.
O debate em Belém pode representar um novo modelo de multilateralismo, menos concentrado nas grandes potências e mais aberto à voz de países emergentes — um movimento que, se confirmado, pode redefinir o futuro das políticas ambientais globais.

