Lembra-se da época dos celulares de flip, da internet que fazia barulho para conectar e de um mundo onde “dar um match” não fazia parte do vocabulário amoroso? Naquela época, a paquera acontecia de forma diferente, e o cinema era um reflexo disso. As comédias românticas e os dramas da virada do milênio tinham um charme particular, baseado em encontros inusitados, grandes declarações e uma boa dose de desencontros. Para quem sente falta dessa vibe, uma boa notícia é que uma seleção de filmes de romance anos 2000 e do final dos anos 90, que definiram o gênero, está disponível para ser revisitada gratuitamente no Mercado Play, a nova plataforma de streaming do Mercado Livre.

É a oportunidade perfeita para mergulhar na nostalgia e relembrar como o amor era retratado em uma era mais “analógica”.
Os planos mirabolantes e os encontros improváveis
Uma das marcas registradas do romance dos anos 2000 eram as premissas elaboradas. As histórias de amor não começavam com um deslizar de dedo para a direita, mas sim com uma aposta, um artigo de revista ou uma situação completamente absurda.
Um exemplo clássico é Como Perder um Homem em 10 Dias (2003). Ela, uma jornalista que precisa escrever uma matéria sobre como afastar um homem. Ele, um publicitário que aposta com o chefe que consegue fazer qualquer mulher se apaixonar por ele. O encontro dos dois é um desastre planejado que, claro, acaba dando certo. O filme é um retrato perfeito do otimismo da época: mesmo das situações mais cínicas, o amor verdadeiro poderia florescer.
Outro filme que aposta no encontro improvável é E se Fosse Verdade (2005). Um arquiteto aluga um apartamento e descobre que ele é “assombrado” pelo espírito da antiga moradora, uma médica em coma. O que começa como uma disputa pelo imóvel se transforma em uma conexão profunda e inusitada. É o tipo de romance fantástico e doce que hoje parece cada vez mais raro.
A química que vencia todas as diferenças
Antes dos algoritmos nos mostrarem pessoas com gostos parecidos, o cinema celebrava a ideia de que os opostos se atraem. A graça estava em ver duas pessoas que, em tese, não teriam nada a ver, sendo unidas pelo destino e desenvolvendo uma química inegável.
Forças do Destino (1999), que abre as portas para a década de 2000, é a personificação disso. Um homem certinho e prestes a se casar (Ben Affleck) e uma mulher de espírito livre (Sandra Bullock) se conhecem após o avião em que estavam sofrer um acidente. Forçados a viajar juntos, eles descobrem uma conexão que abala todas as suas certezas. O filme é todo construído na tensão do “e se?”.
Na mesma linha, Armações do Amor (2006) traz um homem de 30 e poucos anos que ainda mora com os pais e se apaixona justamente pela mulher que foi contratada por eles para convencê-lo a se mudar. A premissa divertida serve de pano de fundo para a química irresistível entre Matthew McConaughey e Sarah Jessica Parker.
O amor como superação das inseguranças
Muitas histórias da época também focavam na jornada de autoconfiança. O romance não era apenas sobre encontrar a pessoa certa, mas sobre se sentir digno dela. Ela É Demais pra Mim (2010) é um exemplo perfeito. Um rapaz comum, com um trabalho mediano e um grupo de amigos hilariantes, começa a namorar uma mulher que é considerada “perfeita” por todos. O filme todo é sobre ele e as pessoas ao seu redor tentando entender como aquilo é possível, gerando uma comédia romântica sobre autoestima e sobre como as aparências podem ser enganosas. É uma história charmosa que nos lembra de um tempo em que as comédias românticas ainda tinham um coração gigante.

