O governo japonês quer incentivar os trabalhadores a tirarem uma manhã de segunda-feira para descansarem.
Para nós, a notícia parece ter um tom de piada, mas é pura realidade. O trabalhador japonês tira em média 8 dias de férias, o que corresponde à metade do que teria direito, e mesmo assim, muitos deles se sentem culpados por parar para descansar.
A obsessão pelo trabalho está incrustada profundamente nesse povo, que se submete a cargas muito altas de horas extras. O excesso de horas trabalhadas está se tornando um assunto preocupante nas esferas governamentais, uma vez que ele é seguramente o motivo de muitas mortes ocorridas nos últimos tempos. Em sua maioria, elas estão sendo catalogadas como: karoshi – morte causada por excesso de trabalho, e karojisatsus – quando a pessoa tira a própria vida em decorrência de problemas mentais causados pela pressão profissional, e karo-jikoshi – quando a pessoa morre devido a acidente proveniente do trabalho.
O problema, em sua maioria, tem afetado pessoas entre 20 a 29 anos de idade, período esse em que muitos se dedicam ao máximo para garantir certa estabilidade para os anos futuros. As doenças cardíacas e mentais estão no topo das ocorrências identificadas, e não significa que são ocorrências surgidas agora, uma vez que antes, não havia a preocupação com esses motivos considerados modernos.
As longas horas de trabalho no Japão são um problema básico, que deriva da ética de trabalho e cultura corporativa enraizadas no ambiente profissional e no estilo de trabalho no Japão, diz Sawako Shirahase, do departamento de Sociologia da Universidade de Tóquio, no Japão.
O assunto é importante porque leva à reflexão sobre os rumos que a sociedade moderna está tomando. A vida não pode ser desvalorizada em decorrência de ganhos financeiros. O dinheiro existe em benefício do homem, e não este em benefício dele.
Estamos falando de uma situação corporativa de um país que cresceu absurdamente após a segunda guerra mundial. Esse sucesso sem dúvidas se deu ao esforço de trabalho de seu povo que, obstinado pelo trabalho e pela perfeição, atingiu o respeito e a consolidação internacional.
No entanto, em outros povos menos privilegiados, pessoas estão submetidas ao trabalho escravo, seja pelo uso da força, ou por imposição do governo, que dita o modelo comportamental do mercado, como na China. São situações em que os direitos do indivíduo não são levados em conta.
Porém, de tudo isso, tiramos uma grande conclusão: o trabalho enobrece e nos faz prosperar. A indolência e a ociosidade, são as ferramentas que o “diabo” usa para impedir nosso progresso. Vamos trabalhar.