Tudo que trata da prestação pública de serviços deveria ser levada ao consenso popular. Abrir certas questões para a população sugerir, participar, opinar e criticar deveria ser uma regra para os importantes assuntos. A questão do transporte público, por exemplo, é uma delas. A população está indignada (e com razão) pelo aumento da passagem após poucos meses da chegada da nova empresa na cidade.
Entende-se perfeitamente a defasagem quanto ao valor da tarifa, comparando a outras cidades da região, pois uma empresa que oferece serviço de qualidade precisa se manter de acordo com os custos gerados por esses investimentos. Porém, algumas medidas têm sido tomadas de forma rápida, mas dolorosa, principalmente para a rotina da população. Passagens mais altas e um inteligente e eficiente sistema de integração estão entre as novidades, embora a própria população, que deveria ser a beneficiada, não concorde com as novas regras aplicadas.
Moradores de bairros distantes estão pagando dobrado, pois seus primeiros trajetos não alcançam o segundo em 45 minutos, para que a próxima passagem saia de graça. Como arcar com um salto de R$ 7,20 (ida e volta a R$ 3,60 cada) para R$16,80 por dia? Quem não conseguir integrar em 45 minutos vai ter que pagar mais que o dobro para se locomover na cidade.
Após um decreto do Executivo para aumentar a passagem e um estudo feito sem consultar aquele que realmente usa o ônibus todos os dias, o resultado só poderia ser este: insatisfação geral, dúvida, confusão, indignação e prejuízo. Assim como os impactos da duplicação da Raposo Tavares estão abertos para consulta da população e serão discutidos em diversas Audiências Públicas na região, outros temas deveriam entrar em pauta com o “aval” do povo. Afinal de contas, quem está no comando, só está, porque o povo o confiou. Então no caso, o patrão é o cidadão, e também o usuário dos serviços públicos. O verdadeiro “termômetro da realidade”. Ele deveria estar na primeira fila no momento das decisões importantes.