Bióloga tira dúvidas sobre as espécies de aranhas | O Democrata

Quem nunca se deparou com aquela pequena teia de aranha no canto do forro de casa, com pequenos insetos aprisionados e que serviram de alimento para aquela pequena aranha que apareceu ali?

É claro que precisamos tomar cuidado com todos os tipos de Aracnídeos (aranhas, escorpiões e carrapatos) pois eles podem causar desde uma vermelhidão ou irritação na pele até a transmissão de doenças, no caso dos carrapatos, ou morte, em acidente mais graves com as espécies peçonhentas, como aranhas e escorpiões.

Especialistas em aracnídeos informam que apenas 2% das aranhas do mundo são perigosas ao homem. Espécies que podem ocasionalmente aparecer em nossas residências são a aranha armadeira (Phoneutria), a aranha marrom (Loxosceles), a caranguejeira (Lasiodora) e a viúva-negra (Latrodectus).

A aranha armadeira (Phoneutria) é uma espécie de aranha venenosa e peçonhenta que tem comportamento muito agressivo e não constroem teias. Elas se escondem durante o dia em lugares úmidos e escuros como buracos, folhas acumuladas e entulhos, tem atividade noturna. Podem ser encontradas dentro das residências quando entram em busca de alimentos e para se proteger. Seu ataque com o levantamento das pernas dianteiras em direção a possível ameaça, que dá o seu nome popular. Seu veneno ataca o sistema nervoso com dor intensa e edema local, com paralisação do membro atingido. Também podem aparecer sudorese profusa, vômito, problemas cardíacos e respiratórios até choque, levando a morte em casos mais graves em crianças e idosos. Cuidados: Manter a área em torno da casa limpos e sem entulhos, buracos abertos ou folhas acumuladas e a residência sempre higienizada.

Não realizar contato direto coma aranha, verificando a forma mais segura de retirar o animal do local.
A aranha marrom (Loxosceles) constroem suas pequenas teias, com aspecto de algodão esfiapado, em locais externos embaixo de galhos, cascas de arvores e folhas, buracos e entulhos ou em ambientes internos atrás de armários, de quadros e outros locais que não são mexidos constantemente, tendo sua atividade principalmente noturna. Ela se alimenta de pequenos insetos como formigas, pulgas, traças e cupins.
Seu tamanho varia em torno de 3 cm, com o corpo na cor marrom e apresenta veneno e aparelho de inoculação do veneno, o que a torna uma aranha peçonhenta. Devido ao seu pequeno tamanho, esta pode ser encontrada em peças de roupa ou sapatos, forma em que ocorrem o maior número de acidentes. A aranha marrom somente ataca quando pressionada, não apresentando comportamento agressivo. Seu veneno provoca dor e hematoma local e em casos mais graves comprometimento renal.

Cuidados: Sempre bater as roupas e sapatos antes de vesti-los e manter a casa higienizada com a limpeza frequente dos armários, guarda-roupas e cantos da casa. A aranha caranguejeira (Lasiodora) é uma espécie mais comum que vive em meio a áreas de mata. Tem hábitos terrestres, construindo suas tocas em buracos no solo ou em troncos caídos. Alimentam-se de pequenos animais como rãs, sapos, pererecas e cobras. Apesar do seu grande tamanho, elas não causam graves complicações com seu veneno, que estão presentes em seus pelos nas pernas. O contato com seus pelos causam irritação na pele e nas vias respiratórias. Cuidados: não entrar em contato direto com o animal.

A aranha viuva-negra (Latrodectus) possuem aproximadamente 3 cm e constroem teias irregulares em locais escuros e frescos, em meio a vegetação ou nas residências atrás de móveis de madeira, de portas ou janelas. Ocorrem principalmente nas regiões quentes próximas ao mar. Tem o corpo negro com uma mancha vermelha no abdômen e não tem comportamento agressivo. Os acidentes com esta espécie ocorrem quando estas são pressionadas ao corpo em roupas, toalhas e sapatos. O número de acidentes é muito baixo, principalmente no estado de São Paulo. A picada causa dor intensa no local e sensação de queimação, seguido por sudorese, vômitos e outras complicações em casos mais graves. Os sintomas mais graves de envenenamento não ocorrem com as espécies que vivem no Brasil. Cuidados: Bater as roupas e sapatos antes de vesti-los e manter a casa higienizada com a limpeza frequente dos armários, guarda-roupas e cantos da casa, principalmente em casas de temporada no litoral. Em caso de acidentes com qualquer espécie de aranha, deve-se encaminhar a pessoa picada com urgência ao atendimento médico para avaliação e tratamentos adequados.

As aranhas descritas na reportagem divulgada no dia 19 de abril de 2018 se tratam de indivíduos da espécie Nephila clavipes, também chamada de Aranha do fio-de-ouro, que também possuem veneno, mas são inofensivas aos seres humanos. Estas permanecem durante todo o tempo em suas teias, extremamente resistentes, formando um grande armadilha para diversos insetos, como moscas, mosquitos, gafanhotos entre outros que constituem sua principal fonte de alimento. Representam um grupo de aranhas globalmente distribuído, que fazem suas teias, principalmente em áreas externas, próximo a borda da mata, árvores e rios, nos períodos secos e quentes do ano. Não são agressivas, porém, sua picada pode causar vermelhidão e dor leve no local. Cuidados: principalmente com crianças e pessoas alérgicas.
A presença destes animais próximos a área urbana demonstram em primeiro lugar a conservação de áreas verdes e da diversidade de espécies existentes em nosso principal Bioma, a Mata Atlântica. Da mesma forma, estes pequenos animais possibilitam o controle de insetos já que são predadores de diversos tipos como de moscas, mosquitos, vespas e abelhas.

A conservação de nossas ruas e praças é extremamente importante para a convivência nos espaços urbanos, com segurança e qualidade, mas também devemos pensar na riqueza que temos em nossa cidade, com áreas remanescentes da Mata Atlântica ainda preservadas em nossa volta e que precisamos respeitar.

Jimena Eneri Baroni Santiago
Bióloga e Especialista em Gestão
CRBio 86.597/01-D

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