Brasil ainda tem 11,8 milhões de analfabetos | O Democrata

O Brasil ainda tem cerca de 11,8 milhões de analfabetos, o que corresponde a 7,2% da população de 15 anos ou mais. Os dados, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e se referem ao ano de 2016.

A taxa indica que o Brasil não conseguiu alcançar uma das metas intermediárias estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) em relação à alfabetização da população com 15 anos ou mais. A meta 9 do PNE determinava a redução do analfabetismo a 6,5% até 2015, o que não aconteceu. A Lei diz ainda que em 2024 o analfabetismo deve estar erradicado do país.

DADO NÃO PODE SER COMPARADO AO DO ÚLTIMO ANO

Segundo o IBGE, não é possível comparar o percentual da Pnad Contínua com o dado divulgado pela Pnad do ano passado, já que as metodologias das pesquisas são diferentes, o que pode gerar distorções. Esta é a primeira edição da Pnad Contínua para o suplemento de Educação. As estatísticas da pesquisa antiga mostravam 12,9 milhões de analfabetos, o que correspondia a uma taxa de 8% da população de 15 anos ou mais.

A análise dos dados indica que uma das principais explicações para a taxa de analfabetismo está nas características encontradas na faixa etária mais alta da população brasileira.

– Há uma questão estrutural do analfabetismo. Ele está muito mais presente entre a população idosa. O que vemos é algo histórico, mais concentrado em uma população mais velha. Vamos diminuir o analfabetismo è medida que essa população mais velha for morrendo, porque atualmente há mais crianças na escola. Basta olhar os percentuais por faixa etária para comparar isso – avalia a pesquisadora do IBGE, Marina Aguas.

Os dados mostram que, se entre a população de 15 anos ou mais a taxa de analfabetismo é de 7,2%, na faixa etária de 60 anos ou mais esse índice é quase três vezes maior e alcança 20,4%. Há diferenças também entre as regiões do país. O Nordeste é a área com maior taxa de analfabetismo de todo Brasil: 14,8%. O menor índice é registrado na região Sul, que apresenta percentual de analfabetismo de 3,6%. Somente as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste conseguiram alcançar a meta intermediária fixada pelo PNE.

– A gente sabe que o problema do analfabetismo é maior no Norte e no Nordeste, então precisamos de medidas mais focadas nessas regiões, porque elas não atingiram nem a meta intermediária. Esse dado é importante para orientar políticas públicas – afirma Marina.

As discrepâncias entre brancos e negros é significativa. A Pnad Contínua mostra que o percentual de analfabetismo de pretos ou pardos é mais que o dobro da população branca, 9,9% e 4,2%, respectivamente.

MAIS DA METADE DA POPULAÇÃO SÓ TEM ATÉ O ENSINO FUNDAMENTAL

Além do analfabetismo, a Pnad mostra um quadro preocupante sobre a escolarização no país. A pesquisa revela que cerca de 51% da população brasileira de 25 anos ou mais tem somente até o Ensino Fundamental completo. No caso do Ensino Médio, 26,3% desse grupo tinha completado esse nível de instrução. A taxa mais baixa está localizada no ensino superior: 15,3% completaram a etapa.

O Brasil registra em média oito anos de estudo. A quantidade de anos também varia de acordo com a região do país, sendo o Sudeste a área com maior número de anos de escolarização (8,8 anos). O Nordeste aparece na lanterna desse indicador, com média de 6,7 anos de estudo.

Mais uma vez, além da diferença regional, há discrepâncias entre a população branca e a negra, com 9 anos e 7,1 anos de estudo, respectivamente.

– As pessoas de cor branca historicamente tiveram mais acesso à escola que pessoas de cor preta e parda, e isso se reflete no indicador – analisa a pesquisadora do IBGE, Helena Monteiro.

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