A onda de calor que atinge o Brasil tem preocupado especialistas, especialmente após registros de sensação térmica de até 70°C no Rio de Janeiro. O pós-PhD em Neurociências, especialista em genômica e membro da Royal Society of Medicine do Reino Unido, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, alerta para os impactos neurológicos e sistêmicos que podem ser irreversíveis.
Segundo o especialista, a temperatura crítica do corpo humano gira em torno de 42°C. Acima desse limite, as proteínas começam a se degradar, resultando em falência múltipla de órgãos e alto risco de morte. Mas como algumas pessoas conseguem resistir a temperaturas tão elevadas?

O Corpo Humano e Seus Limites Térmicos
O organismo possui mecanismos naturais para regular a temperatura, como a transpiração e a vasodilatação. No entanto, quando a umidade do ar está alta, como ocorre nos verões tropicais, o suor evapora com dificuldade, tornando o resfriamento ineficiente. Isso aumenta o risco de hipertermia fatal.
Além do desconforto térmico, a exposição prolongada a temperaturas extremas pode provocar danos cerebrais, cardiovasculares e metabólicos, com efeitos que vão além do período de calor intenso.
Os Impactos do Calor Extremo no Cérebro
As altas temperaturas afetam diretamente o sistema nervoso, podendo causar:
- Confusão mental e desorientação devido ao estresse térmico no cérebro;
- Edema cerebral, decorrente do desequilíbrio eletrolítico;
- Aumento do risco de AVC, causado pela desidratação e pelo aumento da viscosidade sanguínea;
- Danos neuronais irreversíveis em casos de hipertermia severa.
“O calor extremo pode levar à neuroinflamação, aumentando a vulnerabilidade a doenças como Alzheimer e Parkinson”, alerta Dr. Fabiano.
Quem Está Mais Vulnerável?
Alguns grupos populacionais são mais suscetíveis aos efeitos do calor, especialmente:
- Idosos e crianças, devido à menor eficiência na regulação térmica;
- Pessoas com doenças cardiovasculares, pois o calor pode agravar hipertensão, arritmias e aumentar o risco de infarto;
- Trabalhadores expostos ao sol, como agricultores e operários da construção civil;
- Populações de baixa renda, que enfrentam dificuldades para acessar infraestrutura adequada, como ventilação e hidratação.
“A sobrecarga no sistema cardiovascular é preocupante. Para quem já tem predisposição a problemas cardíacos, o risco de complicações graves é ainda maior”, destaca o especialista.
Como Se Proteger do Calor Extremo?
Para minimizar os riscos à saúde, algumas medidas são essenciais:
✅ Hidrate-se constantemente, preferindo bebidas isotônicas para reposição de eletrólitos;
✅ Evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa;
✅ Use roupas leves e de cores claras, que refletem o calor;
✅ Mantenha os ambientes ventilados, com ventiladores ou ar-condicionado;
✅ Fique atento aos sinais de exaustão térmica, como tontura, fadiga e confusão mental. Ao notar sintomas graves, procure atendimento médico.
O Calor Extremo e Seus Reflexos na Economia
Além dos impactos diretos na saúde, temperaturas elevadas afetam a produtividade. Estudos indicam que o calor excessivo reduz a capacidade de concentração e aumenta a fadiga mental, dificultando atividades que exigem esforço cognitivo.
Em setores como construção civil e agricultura, trabalhadores ficam mais propensos à desidratação e exaustão, aumentando os afastamentos médicos e reduzindo a produtividade.
“O calor intenso compromete o desempenho do sistema nervoso central, levando à fadiga mental e queda na capacidade de raciocínio. Isso se reflete diretamente na economia, com menor eficiência no trabalho e aumento das pausas”, explica o especialista.
Desafios e Adaptação ao Calor Extremo
Diante do aumento das temperaturas globais, cidades brasileiras precisam adotar medidas para mitigar os impactos do calor, como ampliação de áreas verdes, incentivo a construções sustentáveis e implementação de políticas públicas de proteção à população vulnerável.
A conscientização sobre os riscos do calor extremo e a adoção de estratégias preventivas são fundamentais para evitar danos à saúde e impactos socioeconômicos negativos.
Com informações da MF Press Global