Dona Antonieta e a transformação do Ginásio de São Roque | Cultura

No dia 02 de maio de 1958, os professores do Ginásio de São Roque conversavam na sala de reunião, no Grupo Escolar Bernardino de Campos, quando foram surpreendidos pela chegada inesperada de uma mulher de meia-idade, que se apresentou como a nova diretora do ginásio. O silêncio que se fez no recinto refletiu, na ocasião, a surpresa de todos, pois não ocorrera um aviso da ocupação do cargo de direção. Porém, este mesmo silêncio, representava um presságio impressionante do que seria o futuro dessa escola.

Antonieta de Araújo Cunha, que atuava no Ginásio Estadual de Itararé fora removida por concurso para o Ginásio em São Roque, em 25 de abril de 1958. Ela assumiria em São Roque, de forma integral, não apenas a direção burocrática da escola, mas também a ideia da efetivação do término da construção do prédio próprio do ginásio.

Sua forma de agir marcou definitivamente a constituição da escola tanto no aspecto diretivo, mas, sobretudo pela sua firmeza na solução da instalação física do ginásio que se encontrava alocado precariamente no prédio do Grupo Escolar Bernardino de Campos, desde o ano de 1948.

Ainda em 1958, Antonieta demonstrou uma forma de agir destemida em prol do ginásio, com incontestável poder de mobilização social, sendo seu ato mais significativo a mudança do prédio do GE Bernardino de Campos para o prédio localizado na Avenida João Pessoa, à revelia do Governo Estadual. A transferência foi realizada por um grupo de estudantes e professores que levaram móveis e materiais, pelas ruas, para o edifício inacabado, que se encontrava com apenas um pavimento. Há relatos de estudantes terem levado cadeiras de casa para poder estudar. Iniciou-se, de fato, neste momento, a autêntica história do Ginásio de São Roque e, também o legado de “Dona Antonieta”.

A expressão maior desse ato foi atrair a atenção para a conclusão da obra do ginásio, assim como produziu uma notoriedade da própria diretora. Antonieta se tornaria uma referência marcante pela sua forma de agir e sua personalidade forte. Um sinal dessa distinção foi que no dia 23 de setembro de 1958, algumas salas no prédio da escola foram inauguradas em uma cerimônia política do candidato ao governo do Estado de São Paulo, Carvalho Pinto. Paradoxalmente, o prédio do ginásio ainda não estava concluído, e a inauguração política ocorreu, sem a abertura oficial do prédio por parte do governo do Estado. As obras continuaram sendo realizadas ao longo dos próximos anos da gestão de Dona Antonieta, sem uma data específica de conclusão total.            

A década de 1960, exibiu os momentos mais atuantes de Dona Antonieta, com ações voltadas para a estruturação da Escola Normal e o Instituto de Educação. Tais estruturas educacionais, formariam toda uma geração de futuros professores primários e diretores de escolas, consolidando-se como uma escola de referência para a região. Antonieta administrava com condutas que ressaltavam sua índole disciplinadora, sua persistência em manter uma escola limpa e pela cobrança sistemática de padrões de condutas pessoais e higiênicas. Suas ações controladoras e moralistas foram marcadas por episódios polêmicos, mas, em geral, aprovadas pela comunidade da cidade de São Roque. Alguns destes momentos serão evidenciados nas próximas publicações.

Série completa:

Artigo 1: O movimento de criação do Ginásio de São Roque

Artigo 3: A gestão de Dona Antonieta

Artigo 4: O legado de Dona Antonieta

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