‘Olhos que Condenam’: série que mostra condenação injusta de jovens negros é a mais vista da história da Netflix | Cultura

A minissérie “Olhos que Condenam”, baseada na história real de cinco adolescentes condenados injustamente por estupro pela Justiça americana, já é a produção mais assistida da Netflix. A trama dirigida por Ava Duvernay foi vista mais de 23 milhões vezes na plataforma de streaming em menos de um mês de sua estreia, que aconteceu no último dia 31 de maio.

“Imagine acreditar que o mundo não se importa com histórias reais de pessoas negras. Isso sempre me entristeceu. Então, quando a Netflix compartilhou comigo que mais de 23 milhões de pessoas ao redor do mundo já assistiram Olhos Que Condenam, eu chorei. Nossas histórias importam e podem mover ao redor do globo. Uma nova verdade para um novo dia”, escreveu Ava Duvernay no Twitter.

A obra, que é dividida em quatro episódios, conta a história de Korey Wise (Jharrel Jerome), Antron McCray (Caleel Harris/Jovan Adepo), Yusef Salaam (Ethan Herisee/Chris Chalk), Raymond Santana (Marquis Rodriguez/Freddy Miyares) e Kevin Richardson (Asante Blackk/Justin Cunningham).

Os cinco adolescentes negros, com idades entre 14 e 16 anos, foram condenados sem prova no caso de estupro de Trisha Meli, de 28 anos. Os jovens estavam no mesmo local, o Central Park, em Nova York, e dia do crime, 19 de abril de 1989. No entanto, os moradores do Harlem, bairro nova iorquino, só estavam circulando pelo parque no estilo “rolezinho” com um grupo grande de jovens negros.

À época, Nova York vivia uma “epidemia de estupros” e a investigadora do caso, queria dar uma resposta à população. Para isso, ela e sua equipe cometeram diversos abusos: tortura, agressões, interrogatórios longos, manipulação e coação para um falso depoimento.

O agora presidente estadunidense Donald Trump, na época um magnata do ramo imobiliário, pagou US$ 85 mil aos principais jornais de Nova York pela circulação de uma carta pedindo a volta da pena de morte no estado. O anúncio foi feito antes mesmo do julgamento dos acusados. “Claro que odeio essas pessoas. Vamos todos odiá-los. Quero que a sociedade os odeie. Porque, talvez, ódio seja o que precisamos para mudar as coisas”, disse um trecho do artigo.

Em 2002 as condenações dos cinco acabaram sendo revogadas por um juiz – não porque a Justiça tivesse reconhecido o erro por conta própria, mas porque outro detento havia confessado a autoria do crime. Em 2014, após uma batalha legal prolongada, a prefeitura de Nova York encerrou um processo por direitos civis com um acordo e deu US$40 milhões aos Cinco de Central Park.

Após a repercussão da série, promotoras renunciam cargos

Elizabeth Lederer, promotora do caso e professora na Faculdade de Direito da Universidade de Colúmbia, renunciou seu cargo na instituição, após alunos da Associação de Estudantes Negros de Direito acusarem a mulher de racismo e pressionar a instituição para removê-la do corpo docente. Já Linda Fairstein, a outra promotora do caso que incriminou os jovens, abandonou sua ocupação na ONG Safe Horizon, que ajuda vítimas de abuso e crimes violentos em Nova York.





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