Seleção de filmes para refletir sobre o Dia da Consciência Negra | Cultura

Por Rodrigo Boccato

O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro e se tornou feriado em São Roque neste ano, assim como em cinco estados e mais mil municípios. Para quem gosta de refletir sobre o tema eu separei cinco títulos do cinema sobre racismo e escravidão. Sendo sincero, não consegui pensar em nenhuma produção nacional que eu já tenha assistido, mas coloquei uma aqui porque me disseram que é bom. Tem um gosto particular envolvido nessa seleção. Eu gosto de herói meio Macunaíma, cheio de defeito, se quiser história da carochinha sugiro “Lula, o filho do Brasil”.

Selma – Uma luta por igualdade

Não, meu amigo. O filme não é sobre a Selma, é sobre Martin Luther King. Mas ele não é retratado como puro e moral agindo pelas emoções e pelos impulsos de um caráter intrinsecamente bom. Nesse filme, King é um homem político, um militante movido pela razão. Não se insiste em sua relação com as mulheres, com os filhos, com os inimigos. Apesar de testemunhar dezenas de injustiças, ele não chora, não quebra os móveis da casa quando descobre que uma criancinha foi agredida. Esse é um homem essencialmente cerebral, tático.

Django Livre

Para mim, quem não gosta de Tarantino, bom sujeito não é. Se Bastardos Inglórios apresentava uma revisão fictícia da Segunda Guerra Mundial, Django Livre decide cutucar as feridas vivas da própria memória americana. Talvez por isso o filme tenha sido tão polêmico em seu país natal, despertando críticas de todos os lados. A história converge em direção ao horror, e deixa claro que seu sangue e suas mortes não são nada realistas; contra aqueles que disseram que era absurdo um negro só se emancipar com a ajuda dos brancos, a trama reserva a Django mais de uma hora de narrativa para viver sem a ajuda de ninguém; contra todos que disseram que o retrato histórico é inexato, o filme ressalta o tempo inteiro seu caráter fantástico e fictício.

12 anos de escravidão

Parece um filme de estereótipos ao retratar o homem branco do norte dos (EUA) como progressivo e atencioso e o do sul como a caricatura do diabo, mas isso é solucionado com a presença de personagens complexos, como um senhor de escravos mais acolhedor e menos repressor, que não possui prazer em torturar seus escravos, mas não deixa de tratá-los como mercadoria. Neste sentido, o racismo vindo por parte do personagem é daquele que vemos ainda nos dias de hoje em frases como: “Eu não sou racista, tenho amigos negros.”

Estrelas além do tempo

Assim como os outros citados, o filme não caiu no gosto dos críticos pois “evita tocar na ferida racial de forma mais aprofundada”. Na verdade ele mostra, sim, muitos preconceitos e absurdos sob uma certa cordialidade, no sentido de que tais situações devem ser enfrentadas com finesse. Não tem aquela luta histérica por direitos como se, sem querer confrontar o status quo, o aceitasse tacitamente, por mais que reclame pelos cantos a todo instante. Porém as personagens trabalham e se destacam na história da corrida espacial, dentro da NASA, mostrando que nem só da guerra se consegue progredir e enfrentar as desigualdades.

Doutor Gama

Quantas vezes não passei pela rua Luiz Gama sem ter ideia de quem era o personagem. Com direção de Jeferson De, “Doutor Gama” é baseado na biografia de um dos personagens mais importantes da história brasileira, homem negro que utilizou as leis e os tribunais para libertar mais de 500 pessoas escravizadas. Nascido de ventre livre, Gama foi vendido como escravo aos 10 anos de idade para pagar dívidas de jogo de seu pai. Mesmo como escravo, se alfabetizou, estudou e conquistou sua própria liberdade, se tornando um dos mais respeitados advogados de sua época. Um abolicionista e republicano que inspirou um país inteiro.

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