Despertar para o descanso da Terra | O Democrata

           

Quem olha Israel do alto avista, em meio aos coloridos mosaicos de plantações, uma porção de espaços recortados em que a terra não é cultivada.  A cada ano a paisagem muda, pois há rotatividade na seleção das áreas onde o solo não acolhe o plantio.

Essa imagem mostra que até hoje os judeus cumprem a ordenança do Senhor, revelada a Moisés e expressa na Bíblia, por volta do século XV antes de Cristo, que determina um tempo de descanso à terra para recomposição do solo, naturalmente desgastado pela sucção de seus componentes após seis anos do cultivo das plantas.

Um solo cultivado de modo ininterrupto é um organismo sob permanente exploração e por isso perde estrutura, matéria orgânica e nutrientes e, assim, seu rendimento diminui. Mas, ao se promover seu descanso, a terra é recomposta e a vegetação brota com mais vigor e viço.

Hoje  a ciência tem meios hábeis a comprovar a importância do período de descanso ao solo e por isso parece natural e óbvia a necessidade desse refrigério à terra. Porém, à época antiga, quando Deus falou a Moisés, as poucas técnicas de otimização da agricultura desenvolvidas pelo homem eram bastante precárias e insuficientes para se saber sobre o processo de desgaste do chão.

O homem da antiguidade não tinha condições de sondar e analisar o solo e estabelecer o período exato para sua restauração, o que eleva a orientação divina ao patamar de uma revelação dada à humanidade.

As revelações do Senhor, registradas na Bíblia, não podem ser desprezadas, pois, além de seu conteúdo prático, aplicável a determinadas situações concretas ou a personagens em particular, são atemporais – válidas para todas as épocas – e portadoras de um alcance tão amplo que as faz destinadas a todas as pessoas.

A princípio, causa perplexidade pensar que Deus se preocupou em prover à terra um tempo ocioso.

Entretanto, recordar que Deus a si mesmo deu repouso após haver concluído a obra de criação do mundo e ao homem e à mulher deixou o mandamento de trabalho algum fazerem ao sábado, instituído como um dia de descanso e dedicação ao Senhor, torna clara a importância das pausas à manutenção da vida.

Como uma das muitas faces da expressão do seu amor, Deus providenciou às pessoas um cenário extremamente diversificado, fértil e deslumbrante no qual pudessem não apenas sobreviver, mas, sim, viver com fartura e bem estar suficientes. 

Esse cenário, chamado planeta Terra, saiu das mãos do Criador funcionando com perfeição em todos os seus múltiplos e surpreendentes detalhes. E, ao ser entregue aos cuidados dos seus primeiros administradores, Adão e Eva, uma recomendação lhes foi dada: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”.

Desde que exerce domínio sobre a natureza, o que mais o ser humano tem feito é castigá-la, por meio do desdém com que a trata ou pela deterioração e pelo extermínio impiedosos de seus recursos, da fauna e da flora.

Cenas de catástrofes naturais, animais a padecer com a destruição de seu habitat, derramamento de substâncias tóxicas e poluentes em oceanos e cursos d’água, desmatamento, destruição da camada de ozônio, aquecimento global, produção desenfreada de lixo e seu descarte inadequado, dentre tantos outros aspectos nocivos ao meio ambiente, são tão frequentes que já se tornaram corriqueiros.

É nítido que o planeta Terra está esgotado, enfermo e a clamar por descanso e reabilitação.

O princípio do descanso da terra pode servir à convalescença do planeta como um todo.

A Terra descansa quando o consumismo e o desperdício de alimentos e outros bens são evitados, há reciclagem de materiais, a agricultura orgânica é prestigiada, resíduos químicos e tóxicos são tratados e encaminhados a destino que não contamine ares, águas e solos, as pessoas organizam-se para diminuir a circulação de veículos emissores de poluição e adotam métodos sustentáveis de produção e construção.

Há uma série de maneiras e medidas indicadas para diminuir o impacto da péssima gerência do ser humano sobre o planeta, porém, nada parece mais útil e eficaz do que educar ou reeducar as pessoas quanto ao cuidado para com o meio ambiente.

Contribuir para o descanso da Terra não apenas devolverá ao planeta uma parcela da beleza e da saúde perdidas como será decisivo para diminuir a fome, a miséria, as migrações de origem climática que assolam milhões de pessoas todos os anos e os processos galopantes de esgotamento dos recursos hídricos  e extinção de espécimes animais e vegetais, entre tantas outras consequências desastrosas, decorrentes dos danos ao meio ambiente.

É preciso que homens e mulheres de todas as idades estejam despertos e atentos, para que a Terra possa descansar e, a cada despertar, mostrar-se suficientemente revigorada.

Jornal O Democrata São Roque

Fundado em 1º de Maio de 1917

odemocrata@odemocrata.com.br
11 4712-2034
Rua Marechal Deodoro da Fonseca, 04
Centro - São Roque - SP
CEP 18130-070
Copyright 2021 - O Democrata - Todos os direitos reservados
Os textos são produzidos com modelo de linguagem treinado por OpenAI e edição de Rodrigo Boccato.