“Diz ser cria de São Roque, mas…” | O Democrata

 

A última semana foi um prato cheio para as “são-roquices”, graças a uma brincadeira que tomou conta do Facebook, em que as pessoas se puseram a relembrar os mais diversos fatos e personagens interessantes e curiosos da cidade, completando a frase “Diz ser cria de…, mas nunca…”.

Comenta-se no mundo virtual que tudo começou no Sul do Brasil, onde a expressão “ser cria” de alguém ou de algum lugar é usada com frequência e sem qualquer sentido discriminatório ou pejorativo, mas como forma de deixar claro o sentido de pertencer a determinada comunidade.

Assim como o mundo real, o virtual é alvo fácil de modas que, quando pegam, transformam-se em verdadeiras febres contagiosas. Uma pessoa transmite a ideia à outra e, num piscar de olhos, parece que todas se contaminaram.

Entre os são-roquenses, assim como entre moradores de inúmeras outras cidades brasileiras, a febre pegou de tal maneira que poucas pessoas ficaram imunes a ela.

Coletei uma porção dessas frases, muitas delas ligadas a temas que já foram abordados na coluna “são-roquices” e outros ainda por serem aqui tratados, que revelam o carinho e a nostalgia com que muitos são-roquenses olham para a cidade e suas figuras marcantes:

“Diz ser cria de São Roque, mas nunca… viu o bicho preguiça no Jardim; tomou ônibus no abrigo da Praça Heitor Boccato; caiu no rio da Marginal; comprou sorvete do Dito Sorveteiro;  assistiu ao Iberê do Morro na Praça da Matriz; dançou na “Camundongo’s”; escalou o morro do Saboó; comeu “galinhão” e pastel no “La Nonna”;  tomou groselha da Tia Íris; comprou torrone nas Festas de Agosto; comeu torresmo da Tereza no bar de Candinho;  acompanhou as locuções de Roque Boschetti nas Festas de Agosto e do Vinho; encontrou “Dito do Cobertor” falando sozinho pelas ruas; entendeu o que é “gente de quem”; embarcou no Cometa na agência da Rua Padre Marçal; comprou material escolar na Casa Verde e no Bazar 12; amanheceu bêbado na Pierina; tomou pito e reguada de Dona Antonieta; foi à alvorada na casa dos festeiros na saída do baile de agosto; tomou leite de soja da vaca mecânica na Brasital; matou aula para passear nas Festas de Agosto; foi à festa do sorvete no recinto da Festa do Vinho; subiu e desceu a Av. Tiradentes inúmeras vezes em agosto; sentiu frio na barriga na “curva do frio”, na Marginal;  ficou bêbado na Festa do Vinho;  leu a lousinha pendurada na frente de O Democrata para saber quem morreu; foi à matinê dos Cines Central e São José; tocou nas bandas ou fez parte das fanfarras;  comprou rifa de boneca na quermesse das Festas de Agosto; teve aula com as lendas Linneu Judica e Rachel Abib, no “Bernardino de Campos”; tomou umas no “terrão” da Marginal; fugiu da gruta da Mata da Câmara, com medo de fantasma; comprou doce na cantina de Dona Bruna, no “Bernardino de Campos”; viu o “Joel Louco” do Buracão;  entrou na fila para andar na escada rolante das Casas Pernambucanas; gritou para o “Jacaré” na rua; ficou em dúvida se a praga do padre realmente pegou; foi aos circos armados no Largo dos Mendes; comprou biju do vendedor que tocava matraca; atravessou a galeria Guarani para ir do Cine São José à Praça da Matriz;  andou na roda gigante da Festa do Vinho; comprou pão na padaria Selecta;  pediu e ofereceu música na Rádio Universal;  fez tapete de rua no dia 16 de agosto; comeu pastel no Bar do Nelson; assistiu às filmagens do Zé Henrique; trocou  relógios na Praça da Matriz; pendurou na sala um quadro da capela de Santo Antonio pintado por Murillo Silveira;  levou um susto de Carlito do Coquinho no supermercado; falou que O Democrata só muda a data; correu de um boi na Praça da Matriz, no leilão de animais das Festas de Agosto; e participou do jantar dançante do Kim.

Certamente essa lista que encontrei ao percorrer as publicações do Facebook é muito menor e menos rica e curiosa do que o total das recordações expressas sobre São Roque nos últimos dias, no mundo virtual. Porém, mostra de forma inquestionável o quanto os são-roquenses apreciam esta terra, seus costumes e sua gente.

Quem sabe, daqui a alguns anos, a brincadeira se repita e, então, ninguém mais se lembrará do bicho preguiça do Jardim, das matinês do Cine Central, das broncas de Dona Antonieta, dos oferecimentos de músicas pela Rádio Universal e de tantas outras coisas que hoje despertam saudades e nostalgia.

Em lugar dessas lembranças, a lista do futuro talvez contemple as serestas na casa de Zé do Nino, a compra de um bilhete de loteria do Geraldinho Bilheteiro, um lanche no Cine São José Café, aparecer na coluna “Caras e Bocas”, do Pixo Maciel, comer pastel da Obra Social e, por que não, ler a coluna “São-roquices”, da Simone Judica.

São Roque tem um passado fascinante, mas precisa incrementar o presente, para garantir boas recordações  no futuro.

Simone Judica é advogada, jornalista e colunista de O Democrata (simonejudica@gmail.com.br)

Esta coluna tem o patrocínio de Martorelli Administradora

 

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