O desfile de Entrada dos Carros de Lenha passava pelas ruas centrais, marcando o início oficial das Festas de Agosto de 2025. Em uma das muitas calçadas tomadas pelo público, Mariza Cruz contava a um jovem a história do centenário evento, criado para arrecadar dinheiro para a compra de uma nova imagem de São Roque. Segundo o historiador Joaquim Silveira Santos, na coluna São Roque de Outrora, publicada no jornal O Democrata, o padre João Carlos da Cunha chegou a São Roque em 1881 e, no ano seguinte, “mandou vir da França a atual e vistosa imagem do padroeiro para substituir a antiga que, ‘pela sua imperfeição, já não estava de acordo com a liturgia’”, descreveu o vigário no Livro do Tombo.

Uma pessoa que estava próxima de Mariza comentou que gostou de conhecer a história e sugeriu que, durante a passagem dos carros de lenha e dos demais integrantes do desfile, o público fosse informado sobre o significado da tradição.
Faço esse resgate porque é a curiosidade que transforma a vida. Depois de um passeio em Itu, para conhecer a cidade Berço da República, Mariza e o esposo observaram uma placa indicando São Roque — ainda sem acesso asfaltado à rodovia Castello Branco. Ela encantou-se com a cidade e, três anos depois (em 1982), o marido a presenteou com a notícia de que seria plantonista da Santa Casa de São Roque. Mariza e o médico José Oliri da Cruz fincaram raízes na cidade. Ela, como assistente social, passou a trabalhar na APAE, além de participar de várias atividades sociais.

Por isso, o Arquivo Vivo resgata dois temas já abordados em edições anteriores, que talvez possam ter alguma relevância ou apenas sirvam como uma informação despretensiosa.

Em 1975, Vasco Barioni realizou o primeiro tapete de rua, ao lado do filho José Roque e de outros amigos, em frente ao Cine Teatro São José, de sua propriedade. Meio século depois, é impossível imaginar a procissão de São Roque sem os coloridos tapetes de serragem tingida e outros materiais, inspiração que Vasco trouxe da procissão de Corpus Christi de Matão (SP).

No mesmo ano, Affonso Pegoraro, regente do Coral do Hospital das Clínicas, compôs a música “São Roque, o Peregrino”, que narra a vida do santo de origem nobre que doou toda a sua fortuna aos pobres. “Louvai, louvai São Roque, o peregrino” foi cantado pela primeira vez na novena da Igreja Matriz, em 16 de março de 1975. Sucesso total! Quando se fala em Festa de São Roque, logo há quem o refrão que se tornou uma espécie de hino municipal.
Vander Luiz