Em decisão paralela à que decretou a falência da Oi, a Justiça do Rio de Janeiro autorizou o pedido de recuperação judicial da Serede e da Tahto, subsidiárias do Grupo Oi responsáveis pelos serviços de campo e call center. A determinação é da juíza Simone Gastesi, da 7ª Vara Empresarial, que concedeu 60 dias para que as empresas apresentem seus planos de reestruturação financeira.

A Serede, com cerca de 5 mil funcionários, enfrenta salários atrasados e dívidas que, somadas às da Tahto, ultrapassam R$ 800 milhões, em sua maioria de natureza trabalhista. Ambas afirmam manter autonomia operacional e viabilidade econômica, mesmo após a crise da controladora.
A magistrada reforçou que a falência da Oi não impacta diretamente os processos das subsidiárias, uma vez que possuem personalidade jurídica e gestão próprias. As empresas deverão apresentar relatórios mensais de suas contas durante todo o processo de recuperação.
A decisão mantém vivas duas das principais prestadoras de serviço do grupo, o que pode reduzir impactos sobre milhares de empregos e operações técnicas ligadas ao setor de telecomunicações.
🧩 Entenda o que levou à falência da Oi
A falência da Oi foi resultado de um conjunto de fatores financeiros, estratégicos e estruturais acumulados ao longo de anos.
Endividamento excessivo:
A Oi contraiu dívidas bilionárias — estimadas em mais de R$ 60 bilhões na época — após uma série de aquisições e fusões mal planejadas, como a incorporação da Brasil Telecom e da Telemar. O alto custo dessas operações nunca foi compensado pelo retorno financeiro.
Gestão e reestruturações frequentes:
A companhia enfrentou desafios de governança corporativa e mudanças constantes na diretoria, o que resultou em reorientações estratégicas que afetaram a consistência administrativa e operacional da empresa.
Atraso tecnológico:
Enquanto concorrentes como Vivo, Claro e TIM investiam de forma acelerada em redes de fibra óptica e 4G/5G, a Oi demorou a modernizar sua infraestrutura, perdendo competitividade e reduzindo sua base de clientes.
Perda de mercado:
A migração de consumidores para outras operadoras e para serviços digitais — como WhatsApp e plataformas de streaming — reduziu drasticamente a receita, especialmente no segmento de telefonia fixa, um dos pilares históricos da companhia.
Dependência de receitas declinantes:
A empresa manteve forte dependência da telefonia tradicional, setor em queda contínua no país, e demorou a diversificar suas fontes de receita.
Processos judiciais e dívidas trabalhistas:
A Oi acumulou passivos trabalhistas e tributários, além de disputas judiciais que pressionaram o caixa e comprometeram a capacidade de investimento.
Recuperação judicial e falência:
Em 2016, a Oi ingressou com o maior processo de recuperação judicial da história do Brasil, tentando reestruturar suas dívidas e vender ativos para se manter viável. No entanto, os ajustes implementados não foram suficientes para equilibrar as finanças.
Em 10 de novembro de 2025, a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro decretou a falência do Grupo Oi, reconhecendo a inviabilidade da recuperação. A decisão, assinada pela juíza Simone Gastesi Chevrand, determinou a manutenção provisória das atividades para assegurar a continuidade dos serviços essenciais de telecomunicação enquanto ocorre o processo de liquidação.
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