Falta de saneamento básico pode aumentar risco de transmissão de coronavírus pela água | O Democrata
Sabesp – Estação São Roque – Centro

As medidas de prevenção contra o coronavírus são conhecidas pelo cuidado ao lavar as mãos, encostar em superfícies contaminadas e o uso de proteção no nariz e na boca por causa da contaminação pelas gotículas de saliva no ar. Entretanto, a falta de infraestrutura do saneamento básico também tem sido decisiva no combate à doença após diversos pesquisadores constatarem a presença do vírus SARS-CoV-2 nas fezes humanas. 

Nos Países Baixos, o Instituto Nacional Holandês de Saúde Pública e Meio Ambiente (Dutch National Institute for Public Health and the Environment) reportou a detecção do material genético do SARS-CoV-2 em amostras de esgoto provenientes do Aeroporto Amsterdã-Schiphol e em amostras das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) das cidades de Kaatsheuvel e de Tilburg, após duas semanas da confirmação do primeiro paciente com COVID-19 no país, ano passado. 

Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e o jornal Le Monde Diplomatique Brasil relacionam fatores de saneamento básico como abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto com o alto número de casos e mortes por covid-19 no país, em regiões que possuem o saneamento básico deficitário ou praticamente inexistente.

“O vírus continua sendo secretado pelas fezes mesmo após a pessoa ter sido curada e mesmo em pessoas que estão assintomáticas. Isso representa um risco enorme para um país em que o saneamento básico é precário, porque pode sim acontecer algo que é chamado de contaminação fecal-oral, ou seja, as pessoas ingerirem o vírus por meio das fezes”, explica a professora Larissa Mies Bombardi, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e idealizadora do estudo junto a Pablo Luiz Maia Nepomuceno.

De acordo com Larissa, é esperado que o Sudeste do País registre as maiores taxas de casos confirmados de covid-19, por causa dos aeroportos internacionais e da grande densidade populacional: “São Paulo e Rio de Janeiro é esperado que tenham uma importante taxa de casos confirmados por milhão, ou seja, as grandes metrópoles a gente já espera que tenham essa quantidade de casos, de pessoas infectadas em relação ao total da população”, e complementa: “Agora, o que não era esperado é essa taxa de casos confirmados na Amazônia e no Nordeste do Brasil”. 

Essa relação entre o saneamento básico e a prevenção de doenças é estreita: em lugares em que o esgoto é descartado diretamente na natureza e não há tratamento dos resíduos, há maior proliferação de doenças. “Primariamente, as doenças mais associadas à falta de saneamento básico são aquelas veiculadas pela água. São várias, mas talvez as mais importantes sejam as diarréias infecciosas. A população mais vulnerável às diarréias são as crianças”, explica o infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Vandack Alencar Nobre Júnior. Além das diarréias, o professor destaca as hepatites, a esquistossomose e a leptospirose.

De acordo com Vandack, existe a possibilidade de infecção pelo contato com esgoto contaminado. “É interessante algumas questões porque existem alguns estudos que mostram que é possível recuperar o coronavírus nos esgotos de hospitais que tratam pacientes com a covid-19, por exemplo. Alguns trabalhos mostram que o vírus pode resistir ou permanecer até 10 dias em água, viáveis e infectantes – não especificamente o Sars-CoV-2, mas outros coronavírus previamente estudados, mas que são semelhantes a esse –. Já no Sars-CoV-2, estudos apontam essa presença em até duas semanas. Essas gotículas geradas por essa água contaminada, por exemplo, poderiam infectar uma pessoa”, sintetiza. 

A maioria dos hospitais no Brasil e na América Latina não possuem estações de tratamento para tratar suas águas residuais, mas possui protocolos para gerenciar os excrementos de pacientes com cólera, que devem ser os mesmos procedimentos aplicados aos infectados com SARS-CoV-2. O Instituto Trata Brasil lançou uma cartilha com recomendações para evitar o contágio pela água, mas destaca que importante que o Poder Público oriente a população quanto aos cuidados necessários com relação à saúde, determine medidas de combate à doença, fiscalize o cumprimento do que for determinado e mantenha a população informada através das campanhas e planeje a expansão da rede de saneamento dos município, junto com a concessionária de saneamento básico, que por sua vez deve realizar os procedimentos de tratamento de esgoto e garantir que a população vai receber água tratada de qualidade.

A cartilha pode ser conferida através do site: http://tratabrasil.org.br/covid-19/assets/pdf/cartilha_covid-19.pdf

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