Figo, Flor, Fruta – Os mistérios deste alimento – O Democrata

O figo é a favorita das frutas para quem gosta de doces caseiros e compotas, ou ainda, para deixar uma salada agridoce saborosa. Tem uma aparência que se assemelha a uma pera, porém se destaca no sabor suave e pelas curiosidades que envolvem seu plantio e consumo.

Uma das curiosidades está no figo ser uma flor, mesmo sendo conhecida como fruta. As flores da figueira são invertidas, suas flores se abrem dentro do receptáculo em formato de pera. Depois que amadurece se transforma no figo, e cada figo, é composto por muitas flores, e as sementinhas dentro do fruto, garantem a crocancia da “flor/fruta”.

Por suas flores se abrirem dentro de uma casca carnosa, sua polinização se torna complexa. Já que não é possível depender do vento ou das abelhas para transportarem o pólen. Para que a polinização ocorra, a figueira depende de um inseto chamado de vespa do figo (Blastophaga psenes). Existem para tanto dois tipos de figo: o masculino e o feminino (o masculino não é consumido, ele apenas fornece o pólen). A natureza é perfeita, pois para procriar, a mosca do fígado fêmea precisa adentrar um figo masculino (que tem o formato ideal para acomodar as vespas e seus ovos. E logo que ela adentra o figo, perde suas asas e antenas, e ao colocar seus ovos, morre dentro do figo. Depois disso, os ovos se desenvolvem e as novas vespas começam a nascer. As vespas machos nascem primeiro, sem asas, já que sua única função é acasalar com as vespas fêmeas ainda dentro da fruta, e depois cavam um túnel para que as fêmeas possam sair do fruto. Enquanto isso, após o acasalamento, as fêmeas saem pelos túneis criados pelos machos, carregando o pólen das flores do figo macho, procurando por outro figo para seguir o ciclo e com isso, polinizam as figueiras fêmeas.

Essa relação beneficia tanto a vespa quanto o figo, e recebe o nome de mutualismo. E pode ficar tranquilo(a) pois, não significa que o figo que são consumidos possuem vespas mortas em seu interior, pois a planta produz uma enzima chamada ficina que decompõe o corpo da vespa em proteína. As partes crocantes do figo, são suas sementes.

Vale ressaltar que no Brasil a reprodução do figo não ocorre como em outros países, aqui a produção é feita por partenocarpia, ou seja, os frutos não possuem sementes e com isso, seu desenvolvimento ocorre sem que a flor seja polinizada. Na partenocarpia a formação do fruto ocorre sem fecundação, são feitas através de estacas, onde as mudas são retiradas dos galhos da figueira, e a partir dessas estacas são produzidas novas mudas de figueiras.

Existem centenas de tipos de figo, e podem ser divididos de acordo com seu uso, se irão ser consumidos frescos ou seco. Os figos para consumo fresco são chamados de figos de mesa, com uma pele tenra e com maturação mais longa. O figo de secar, costuma amadurecer mais rapidamente e tem uma pela mais dura. No Brasil são produzidos apenas o do tipo comum, para consumo fresco.

Esse alimento se destaca pela quantidade de carboidratos, em cada 100grs do alimento fresco 10,2grs do nutriente. Também é uma boa fonte de fibras com 1,8grs e ainda tem vitaminas e minerais como potássio e vitamina C. Por ser muito consumido em forma de compotas, e doces secos é preciso ficar atento ao valor calórico, pois o figo fresco a cada 100grs apresenta 41 calorias e a mesma quantidade dele em calda conta com 184 calorias.

Esse alimento tem propriedades nutricionais e podem fazer parte de uma alimentação equilibrada, pois beneficia a saúde como um todo, inclusive seu coração, pois ajuda a controlar os níveis de colesterol e a pressão cardíaca.

Sempre que possível consuma alimentos agroecológicos ou orgânicos, pois são alimentos de origem vegetal ou animal provenientes de sistemas que promovem o uso sustentável dos recursos naturais, produzindo alimentos livres de contaminantes, que protegem a biodiversidade e contribuem para a criação de trabalho e ao mesmo tempo, respeitam e aperfeiçoam os saberes e formas de produção tradicionais.

Silvia Hermida – Produtora Rural e Escritora

Fonte: MEDEIROS, A.R.M. de A cultura da figueira.  Pelotas: EMBRAPA-CNPFT,    1978.  20p.

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