Mais de 742 mil aposentados solicitaram ao INSS, apenas no primeiro semestre de 2024, o cancelamento de descontos de mensalidades para sindicatos e associações, acendendo o alerta da Polícia Federal (PF). As apurações revelam um esquema bilionário de desvio de recursos de benefícios previdenciários, com movimentação superior a R$ 6 bilhões.

Segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), anexado ao inquérito da PF, o número de reclamações por descontos indevidos cresceu drasticamente: de apenas 762 registros entre 2021 e 2022 para 466 mil em 2023 e 742 mil no primeiro semestre de 2024. As entidades envolvidas receberam R$ 1,3 bilhão neste período.
As investigações apontam que mais de 95% dos beneficiários não autorizaram os débitos, concentrados especialmente em cidades pequenas do Nordeste, afetando majoritariamente aposentados de baixa renda nos estados do Maranhão, Piauí e Pernambuco. Nesses locais, mais de 60% dos beneficiários foram impactados.
A PF também apura o envolvimento de ex-diretores do INSS e intermediários ligados às entidades, que teriam recebido R$ 17 milhões. Um dos alvos é o procurador Virgílio Oliveira Filho, afastado do cargo após descoberta de transferência de um veículo de luxo para sua esposa. Outro nome central é Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, cujas empresas movimentaram R$ 53,5 milhões e mantêm patrimônio incompatível com sua renda declarada.
O caso evidencia falhas graves na governança do INSS e reforça a necessidade de medidas urgentes para proteger os direitos dos aposentados e combater práticas abusivas envolvendo entidades sindicais.
Com informações da CBN.