Gestão na pandemia: liderança deve se antecipar para garantir produtividade | Geral

 Em abril de 2020, muitas empresas não tiveram escolha a não ser instaurar o modelo de trabalho remoto para atender às orientações no combate a pandemia. Apesar dos desafios e incertezas, a adaptação de boa parte dos trabalhadores foi positiva. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto DataSenado, 41% dos 5 mil entrevistados, entre os dias 11 e 18 de setembro, relataram aumento da produtividade com a adesão ao home office. Mas o que antes parecia uma circunstância temporária, acabou se prolongando indefinidamente e muitas instituições começam 2021 sem um plano detalhado para esse tipo de condição de trabalho. Nesse contexto, o desempenho das equipes, que parecia não ser um problema, já começa a apresentar desgaste e se transformar em preocupação.

“Existe um quadro amplo de ansiedade instalada e que agora já está se transformando em outras patologias”, alerta Paulo Paiva, empresário e diretor executivo da Contexto Gestão Empresarial, empresa especialista em comportamento humano e organizacional. “Esse cenário deve ser olhado com muita cautela, porque o ser humano é a força motriz de qualquer negócio em todo tipo de organização. E se ele está incomodado, o resultado é a baixa produtividade.”

Nos últimos meses, a perturbação dos trabalhadores deixou de ser uma intuição para se transformar em certeza. Segundo a pesquisa realizada pelo Fio Cruz, publicada na revista científica Journal of Medical Internet Research, os sintomas de ansiedade e depressão já afetam 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais, no Brasil e na Espanha, durante a pandemia. Já o relatório realizado pelo Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da FGV EAESP (FGV Saúde), em parceria com o Institute of Employment Studies (IES) do Reino Unido, apontou que apenas 15,9% dos 653 trabalhadores consultados, entre julho e agosto de 2020, receberam suporte das empresas para trabalharem em casa.

“Se você pega um atleta de elite, no auge da sua forma, e o coloca para jogar, ele vai ter um bom desempenho no primeiro jogo. Mas continua colocando-o em campo em dois, três jogos sequenciais e ele pode perder a produtividade”, exemplifica o consultor. “O esgotamento passa tanto pelo físico quanto pelo emocional. Em pouco tempo, vamos começar a perceber a queda no rendimento ou até mesmo na qualidade do trabalho.”

Se antes a dificuldade era desenvolver uma estrutura de trabalho adequada, agora os gestores precisam encontrar respostas para, além disso, garantir a manutenção do desempenho. A saída está em uma palavra muito utilizada, mas que nem todos entendem o real significado: liderança.

“Liderança não é aquilo que você aprende nos workshops. O profissional precisa ter certas características e assumir responsabilidades”, detalha Paulo. “As coisas mudaram muito rápido e as empresas precisam compreender isso. Quem liderava bem ontem, talvez, não esteja pronto para liderar hoje.”

 Como as empresas podem agir?

Por ser uma situação nova e que extrapola os limites dos departamentos, Paiva acredita que as empresas precisam encarar a realidade da pandemia com mais seriedade. Uma das possibilidades é a criação de um comitê de gestão concebido exclusivamente para o enfrentamento desse novo cenário.

“Esse comitê pode ter o departamento de recursos humanos ou jurídico como mediador, mas é a união completa de todas as áreas que vai fazer com que a equipe consiga se adaptar a esse novo momento”, explica o consultor. “Ao montar esse grupo, precisa ocorrer uma mudança na abordagem. Cada membro deve deixar de olhar para as suas atribuições como tarefas individuais e começar a olhar o projeto como um todo. O que você está construindo não é o seu trabalho unicamente, mas o resultado de uma empresa. Então esse posicionamento traz um diálogo diferente, que mensura não apenas o quantitativo, mas também o qualitativo”.

É diante desse contexto que os líderes precisam se sobressair para serem capazes de comandar as ações da equipe. Segundo Paulo, dois aspectos fundamentais para a liderança ter sucesso nessa jornada são o correto uso da comunicação e a compreensão do processo de aprendizagem de cada um.

“O líder precisa entender que todo ato simples, como mudar uma cadeira do lado esquerdo para o lado direito, não é só uma questão de proatividade. Qualquer ação sem a correta comunicação e sem um plano de desenvolvimento tem potencial de se tornar um problema, pois as pessoas podem não estar preparadas para se sentarem do lado direito. Isso gera uma ruptura na rotina e diminui a segurança do time. O fator psicológico demanda tempo no processo de entendimento”, exemplifica o especialista. “O papel da liderança é justamente esse: criar a ferramenta de educação e o processo de desenvolvimento. É o momento de plantar confiança e resiliência dentro das empresas.”

Em período de tanta instabilidade macroeconômica, antever os possíveis cenários desfavoráveis se torna um importante plano corporativo. Cada vez mais, os ocupantes de cargos estratégicos serão cobrados para encontrar soluções capazes de garantir o desempenho dos colaboradores. E essa jornada será longa, porque a pandemia já está fazendo hora extra e não parece disposta a tirar férias.

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