O Arquivo Vivo conta a história de uma música composta em 1975 e que se transformou em trilha sonora das Festas de Agosto. “Hoje, oremos com muito fervor para São Roque, nosso protetor. Louvai, louvai, São Roque, o peregrino.” Pode ser cantada ou executada ao som da Banda O Padroeiro, sob o comando do maestro Alexandre Piccirillo.

“São Roque, o peregrino” é de autoria de Affonso Pegoraro, regente do Coral do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. O Jornal O Democrata, de 22 de março de 1975, contou como foi a apresentação do coral e a execução, pela primeira vez, da música na missa das 19h, em 16 de março na novena do padroeiro. O texto é assinado pelos festeiros de São Roque: Aristeu de Góes e Ernestina, e Ildo e Eunice Grillo.
“No último domingo, tivemos em nossa cidade a presença do fabuloso Coral do Hospital das Clínicas de São Paulo, que tão gentilmente se prontificou a participar das festividades de São Roque, na novena que antecede as mesmas.

Tivemos uma jornada esplêndida: às 12 horas, um churrasco de confraternização na Fazenda Cinzano [Maylasky]; depois do almoço houve uma apresentação do coral em agradecimento à cozinha que preparou o churrasco. Às 15 horas, partimos em caravana até a Santa Casa local, onde o coral se apresentou nas enfermarias e aos visitantes que ali se encontravam. Em seguida, rumamos para o São Roque Clube, onde os componentes do coral tiveram uma pausa para um breve descanso.
Às 19 horas, tivemos a presença do coral na missa da novena do padroeiro, onde tivemos a oportunidade de, pela primeira vez, ouvir e cantar o Hino a São Roque, especialmente composto pelo maestro senhor Affonso Pegoraro. Tivemos um testemunho de vida dado pelo maestro Affonso, que, em breves palavras, nos disse da inspiração para a composição do hino, o que culminou com uma longa salva de palmas — vista pela primeira vez dentro da nossa igreja.
Finalmente, foi servido um lanche de despedida ao coral no Salão Paroquial, lanche este oferecido pelas famílias são-roquenses, onde foi prestada uma homenagem ao senhor Jarbas de Moraes, prefeito municipal, e sua exma. esposa. Para que tudo isso fosse possível, queremos de público agradecer à Viação Souza-Turismo, Indústria de Bebidas Cinzano, São Roque Clube, monsenhor Antonio Mucciolo (vigário da Catedral de Sorocaba), Irmandade da Santa Casa, senhor Arthur Salvetti, açougues e padarias, sr. João Gonçalves (João Bigode), de Maylasky, sr. Ermete Ghissardi. Aos nossos amigos que nos ajudaram no churrasco, lanche e, finalmente, ao povo de São Roque, aos quais apresentamos o nosso “Deus lhe pague”.”

A INSPIRAÇÃO DE AFFONSO PEGORARO
O Democrata também publicou um texto que contou de onde veio a inspiração de Affonso Pegoraro para compor “São Roque, o peregrino”. “Aos 14 anos de idade, um acidente grave deixou-o entre a vida e a morte. Mas a enorme vontade de viver, somada à fé dentro do espírito cristão, o salvou. Morando em uma cidade grande e tumultuada como São Paulo, foi se desligando gradativamente das coisas espirituais, engolido pela massa humana, quase materialista.

Trabalhando no Hospital das Clínicas, fundou o coral, pois sempre foi adepto da música, a fim de levar às casas hospitalares o canto coral para os pacientes. Recebendo recentemente um convite para o coral se apresentar em São Roque, notou que estava anexo ao convite um impresso do santo. “Ao ler a história do santo, senti algo que me fez estremecer. O braço de São Roque mantém-se incólume até hoje”, revelou Pegoraro.
Recordou então seu acidente, em que lhe foi amputada a perna. Uma inspiração o dominou totalmente e, sob este estado, compôs o hino a São Roque. Neste, um resumo de Affonso Pegoraro, cuja música tem feito realmente milagres. Affonso Pegorano é também o autor do hino da cidade de Fartura (1992).
SÃO ROQUE, O PEREGRINO
[solo]
Hoje, oremos com muito fervor
Para São Roque, nosso Protetor
[todos]
Louvai, louvai
São Roque, o Peregrino
Louvai, louvai
São Roque, o Peregrino
[solo]
Ele que foi de família nobre
Sua fortuna ele deu aos pobres
[todos] Louvai, louvai…
Com muita fé no seu coração
Teve o poder de cura em suas mãos
Louvai, louvai…
Deu muito amor, muita esperança
Quantos milagres nas suas andanças
Louvai, louvai…
Mas veio o dia que, muito doente,
Foi isolado por aquela gente
Louvai, louvai…
Viu o desprezo e, na solidão,
Seu alimento trazido por um cão
Louvai, louvai…
Hoje, cremos com muito fervor
Para São Roque, nosso protetor
Louvai, louvai…
Vander Luiz