História do Vinho no Brasil | O Democrata
Vinícola Góes – Dupla Poda

PARTE 15 – NOVAS TÉCNICAS E TECNOLOGIAS NOS VINHEDOS PAULISTAS – PARTE I

A influência de novas técnicas de manejo dos vinhedos e tecnologias que ajudam na melhoria dos frutos e consequentemente vinhos de melhor qualidade, já é uma realidade nos vinhedos paulistas, agregando uma melhor rentabilidade econômica.

Uma das maiores causas na queda de qualidade das uvas no estado de São Paulo é a chuva durante o período final de amadurecimento dos frutos e da vindima, que ocorre no verão entre os meses de janeiro a março (chuvas densas e constantes), o que faz diluir a concentração de açucares nas uvas, além de tornar muito suscetível a ataques de fungos, ai que entra a nova técnica de manejo da videira, passando o período da frutificação para a estação do inverno, nos meses junho/julho, estação tradicionalmente seca, com baixa precipitação e com noites frias e dias quentes

Técnica da Dupla Poda ou Poda Invertida

A técnica consiste em efetuar a primeira poda de formação entre os meses de agosto e setembro, quando então os ramos frutíferos surgem e são descartados. Já na segunda poda, também chamada de poda de produção e que é realizada em janeiro quando a maturação novamente se inicia, temos as videiras começando a brotar em fevereiro, florescendo em março e a partir de abril começam a ocorrer a formação dos cachos, para que então no inverno, tenhamos a colheita.

Esta técnica foi desenvolvida pelo Engº Agrônomo Murillo de Albuquerque Regina, com a equipe da EPAMIG, implantando e estudando essa sistemática na estação experimental.

Monitoramento do Vinhedo

A viticultura de precisão visa a maximização do potencial agronômico em termos de produtividade e qualidade das produções, ao mesmo tempo em que aumenta sua sustentabilidade ambiental. Aprimora a capacidade de ajustar as decisões de manejo de nutrientes e desenvolve um plano específico do local para cada vinhedo e até mesmo para a única videira, evitando tratamentos desnecessários, que podem ser prejudiciais e poluidores, além de reduzir custos. Como primeiro passo, a heterogeneidade em uma cultura deve ser identificada e então monitorada. Isso pode ser feito com várias tecnologias, como tecnologias de sensoriamento remoto (de satélite ou drones) ou monitoramento proximal, como estações meteorológicas microclimáticas ou outros sensores implantados no campo.

Tecnologia de Veículos Aéreos Não Tripulados (Drones)

A utilização dessa tecnologia possibilita um monitoramento bastante flexível em tempo reduzido pois são equipados com uma série de sensores, que permitem uma ampla gama de operações. Mas “as aplicações de sensoriamento remoto em viticultura de precisão são focadas principalmente na espectroscopia de refletância, uma técnica óptica baseada na medição de refletância da radiação eletromagnética incidente em diferentes comprimentos de onda, em particular na região visível, próximo do infravermelho e infravermelhos térmicos. A relação entre a intensidade do fluxo radiante refletido e incidente é específica para cada tipo de superfície. As classes mais comuns de sensores são capazes de detectar uma alteração da transpiração ou atividade fotossintética na superfície da folha, com isso, os sensores térmicos são usados para medir remotamente a temperatura da folha, que aumenta quando ocorrem condições de estresse hídrico, por exemplo. Alterações na atividade fotossintética estão ligadas ao estado nutricional, à saúde e ao vigor das plantas, e também podem ser detectadas por sensores. Dessa forma, imagens aéreas são frequentemente usadas para estimar padrões na biomassa e na produção.

Vinícola Góes – São Roque – SP

A Vinícola Góes foi inaugurada em 1963 por Gumercindo de Góes, filho de Benedito Moraes de Góes, descendente de imigrante portugueses, que juntamente com seu irmão Firmino de Góes, foi pioneiro no cultivo de uvas em São Roque para a produção de vinhos caseiros no início do século 20 e a partir de 1920, com a chegada das uvas americanas, Isabel e Niágara, passaram à produção comercial de vinhos de mesa.

O novo empreendimento vitivinícola idealizado por Gumercindo de Góes e seus filhos tem uma trajetória de sucesso com os vinhos de mesa e já começa a ser das maiores produtoras de vinhos finos de inverno do Sudeste. Logo que iniciou suas atividades na década de 1960 abasteceu a recém- -inaugurada de Brasília com um lote completo de seus vinhos de mesa.

Aproveitou os ventos favoráveis à vitivinicultura dos anos 1960 e 1970 quando o mercado era impulsionado pelas Festas do Vinho que divulgavam e premiavam os produtores, inclusive Gumercindo de Góes. Nos anos 1980, apesar dos tempos difíceis, Gumercindo Góes e seus filhos investiram na modernização da vinícola adquirindo, inclusive, novas máquinas para a produção.

Em 1999, iniciou o cultivo de uvas viníferas Cabernet Franc, a que melhor se adaptou ao terroir. Depois vieram Cabernet Sauvignon, Malbec e Sauvignon Blanc e, nos próximos anos serão concluídos os testes com Viognier, Tannat e Petit Verdot.

Em decorrência da técnica da dupla poda, a vinícola Góes produz o renomado vinho “Philosofia” Cabernet Franc, cuja safra 2017 foi premiado pela revista britânica Decanter com uma Menção Honrosa e o Sauvignon Blanc recebeu em 2020 a Medalha de Prata.

“A Vinícola Góes tem 30 hectares destinados ao plantio de uvas viníferas e oito exclusivamente para a técnica da segunda poda, isso aumentará no ano que vem, já prevemos 11 hectares. A qualidade das frutas sem dúvida é o que nos motiva a investir nesse sistema. O crescimento de um ano para o outro chegou a quase 50% e devemos obter à produtividade de 25 toneladas” por Luciano Lopreto, diretor comercial da empresa.
Além da área produtiva a vinícola sempre reserva alguns hectares para testar novas variedades e, assim, a cada ano são descobertas castas que se adaptam bem ao terroir da região e após estudos, pesquisas e análises do vinho, eles entram para a linha de produção e fazem parte da gama de produtos oferecidos aos seus clientes. Este ano o destaque deve ficar na Alvarinho e Petit Verdot.

+ Parte 1 – HISTÓRIA DO VINHO NO BRASIL COMEÇOU NO ESTADO DE SÃO PAULO

+ Parte 2 – HISTÓRIA DO VINHO EM SÃO ROQUE

+ Parte 3 – A VITICULTURA NO RIO GRANDE DO SUL

+ Parte 4 – FASES DA VITIVINICULTURA NA SERRA GAÚCHA

+ Parte 5 – FIM DO SÉCULO PASSADO E INÍCIO DOS ANOS 2000

+ Parte 6 – AS CONQUISTAS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS

+ Parte 7 – REGIÕES VINÍFERAS NO RIO GRANDE DO SUL

+ Parte 8 – REGIÕES VINÍFERAS EM SANTA CATARINA

+ Parte 9 – NOVOS “TERROIR”

+ Parte 10 – VINHO DO CERRADO – GOIÁS

+ Parte 11 – VINHOS DO PARANÁ – PARTE I

+ Parte 12 – VINHOS DO PARANÁ – PARTE II

+ Parte 13 – VINHOS DE MINAS GERAIS – PARTE I

+ Parte 14 – VINHOS DE MINAS GERAIS – PARTE II

Agradeço desde já quem quiser colaborar com a memória do vinho brasileiro. Podem entrar em contato! Cordialmente, Carlos Vivi!

Carlos Vivi, descendência italiana, 55 anos, graduado em engenharia civil, formado em sommelier pela ABS-SP, ciclismo como esporte e vinho por paixão, dedicando três décadas no estudo da cultura do vinho.

Autor: Carlos Vivi
e-mail: vinhosvivi@gmail.com.br
WhatsApp: (11) 9.5052-8855
Santana de Parnaíba – SP

Referências Bibliográficas:

  • Dardeu, Rogério – Gente, Lugares e Vinhos do Brasil
  • Site: club-del-vino.com
  • Site: vaocubo.com.br
  • Site: revistaadega.uol.com.br
  • Site: epamig.br
  • Site: diariodoturismo.com.br
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