História do Vinho no Brasil | O Democrata
O campo experimental da Epamig de Caldas funciona como uma incubadora para novos negócios (foto: Erasmo Reis/Divulgação)

PARTE 14 – VINHOS DE MINAS GERAIS – PARTE II

EPAMIG

O Programa Estadual de Pesquisa em Vitivinicultura tem ação direta no desenvolvimento dos novos polos vitícolas, sendo o responsável pela criação da técnica da dupla poda da videira, assim como a introdução e desenvolvimento de técnicas de manejo para a videira Chardonnay. Destacam-se ainda, a adaptação para as condições brasileiras da técnica de enxertia de mesa para produção de mudas de videira, assim como a seleção de clones da videira Bordô produtivos e resistentes ao aborto de flores.

Outras linhas de pesquisa incluem o estudo da adaptação regional de variedades de videira para elaboração de suco de uva, adaptação de variedades viníferas tintas e brancas ao manejo da dupla poda, seleção de porta-enxertos para as cultivares Syrah, Merlot e Cabernet Sauvignon em manejo de dupla poda, caracterização das regiões produtoras de Syrah, técnicas de vinificação.

Andradas e região

Andradas é considerada a cidade das vinícolas em Minas Gerais. Herança dos imigrantes, principalmente italianos, que chegaram ao pequeno vilarejo e viram nas lavouras a chance de começar uma nova vida. Levas de descendentes italianos vieram pra cá para trabalhar nas plantações de uva, egressos pela chance de trabalho surgida com a abolição da escravatura. A cidade chegou a ter 40 adegas há trinta anos. Atualmente, apenas oito sobreviveram às adversidades do tempo. É pouco. Existiam mais de 50 famílias ligadas à produção de vinho em Andradas, poucas resistiram.

Existem várias versões quanto ao início do plantio da videira no município de Andradas, mas acredita-se ter sido o Coronel José Francisco de Oliveira, o responsável pelo surgimento da uva, no final do século XIX.

Com a chegada dos colonos italianos, incrementou-se o plantio da videira e algumas adegas foram surgindo. Algumas famílias italianas aqui se estabeleceram por volta de 1905 a 1910 deram atenção especial às videiras, pois estavam familiarizados com elas, tendo sido esta e a lavoura de café as atrações que os trouxeram.

Os parreirais plantados inicialmente, tomaram novo impulso com a chegada destes imigrantes, que arregaçando as mangas, dedicaram-se à cultura da uva e do vinho.

Foi então que surgiram as pequenas adegas, que inicialmente fabricavam o vinho para o próprio consumo. Algumas mais afoitas colocaram seus produtos no mercado e obtiveram uma boa aceitação. Passaram então a fazer uso do vinho como meio de vida, assim surgiram os vinicultores, firmando a produção vinícola neste município.

A história da uva e do vinho em Andradas mistura-se portanto, com a história do desenvolvimento do município e do seu povo, que tem a garra e a perseverança como principais qualidades, tornando Andradas conhecida em todo território nacional como a Terra do Vinho.

Vinícolas no município de Andradas

Casa Geraldo – MG

Desde 1969, a Casa Geraldo é a pioneira na produção de uvas da espécie vitis-vinifera, sendo a maior produtora de uvas da região e uma das maiores vinícolas do estado, se tornou referência na região no âmbito turístico, promovendo visitas guiadas aos parreirais e instalações da vinícolas, possui restaurante com enogastronomia.

Os principais produtos de colheita de inverno são produzidos com as cepas tintas Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e as brancas Sauvignon Blanc e Viognier., além destes vinhos produz varietais com as uvas Malbec, Tannat, Moscato Gialo, etc.

Vinícola Stella Valentino – MG

Descendentes de italianos, a família Stella veio para o Brasil por volta de 1910 com o intuito de trabalhar nas lavouras de café dos Barões da região de divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Chegaram em Andradas junto com outras 250 famílias, deram início à produção própria de café, única fonte de renda da família na época, e plantavam uvas para a produção de vinho no intuito de consumo próprio.

Com o fim da produção do café, tais lavouras deram lugar às parreiras de uva que eram vendidas para adegas. Andradas na época contava com diversas adegas e era referência na produção de vinho. Com o passar dos anos, tal cultura foi perdendo forças e o vinho passava a ser buscado no Rio Grande do Sul e comercializado em terras andradenses.

José Procópio Stella se formou em 1972 no curso de agronomia, com a finalidade de trabalhar com a produção de uva e vinho, mas não encontrava trabalho. Construiu sua vida profissional em outro meio, até que em 2002 inicia o projeto de produção de vinhos finos. Nasce a Stella Valentino.

O projeto conta com a produção dos Vinhos Suavignon Blanc, Syrah e Tempranillo. Um projeto de estrutura tradicional, que contrasta com a modernidade das adegas em construção e seus vinhedos.

Vinícola familiar que conta com apoio das instalações da EPAMIG para elaboração dos vinhos das variedades Chardonnay, Risling Itálico e Pinot Noir. Produz também espumante pelo método natural (champenoise) brut, extra brut e nature.

Vinícolas em outras regiões do Sul de Minas:

  • Vinícola Estrada Real – Três Corações – MG
  • Vinícola Maria Maria – Três Pontas – MG
  • Vinícola ABN – Andrélândia – MG
  • Carvalho Branco Agropecuária – Caldas – MG
  • Pioli – Jacutinga – MG
  • Herdade Viela – São João Batista do Glória – MG
  • Vinícola Bárbara Eliodora – São Gonçalo do Sapucaí – MG
  • Vinícola Artesã – São Gonçalo do Sapucaí – MG
  • Vinícola Ferreira – Piranguçu – MG

Outras regiões de Minas Gerais:

  • Vinícola Arpuro – Uberaba – MG
  • Projeto Fortaleza – Cruzeiro da Fortaleza – MG
  • Vinícola Vivinho – Barbacena – MG
  • Vinícola Alto do Gavião – Vieiras – MG

+ Parte 1 – HISTÓRIA DO VINHO NO BRASIL COMEÇOU NO ESTADO DE SÃO PAULO

+ Parte 2 – HISTÓRIA DO VINHO EM SÃO ROQUE

+ Parte 3 – A VITICULTURA NO RIO GRANDE DO SUL

+ Parte 4 – FASES DA VITIVINICULTURA NA SERRA GAÚCHA

+ Parte 5 – FIM DO SÉCULO PASSADO E INÍCIO DOS ANOS 2000

+ Parte 6 – AS CONQUISTAS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS

+ Parte 7 – REGIÕES VINÍFERAS NO RIO GRANDE DO SUL

+ Parte 8 – REGIÕES VINÍFERAS EM SANTA CATARINA

+ Parte 9 – NOVOS “TERROIR”

+ Parte 10 – VINHO DO CERRADO – GOIÁS

+ Parte 11 – VINHOS DO PARANÁ – PARTE I

+ Parte 12 – VINHOS DO PARANÁ – PARTE II

+ Parte 13 – VINHOS DE MINAS GERAIS – PARTE I

Agradeço desde já quem quiser colaborar com a memória do vinho brasileiro. Podem entrar em contato! Cordialmente, Carlos Vivi!

Carlos Vivi, descendência italiana, 55 anos, graduado em engenharia civil, formado em sommelier pela ABS-SP, ciclismo como esporte e vinho por paixão, dedicando três décadas no estudo da cultura do vinho.

Autor: Carlos Vivi
e-mail: vinhosvivi@gmail.com.br
WhatsApp: (11) 9.5052-8855
Santana de Parnaíba – SP

Referências Bibliográficas:

  • Dardeu, Rogério – Gente, Lugares e Vinhos do Brasil
  • Site: academiadovinho.com.br
  • Site: brindese.com.br
  • Site: epamig.br
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