O juiz aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), identificado como José Eduardo Franco dos Reis, de 67 anos, é acusado de usar uma identidade falsa durante décadas de atuação na magistratura. Segundo o Ministério Público, ele teria adotado o nome fictício de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, alegando ser descendente da nobreza britânica.

As investigações revelam que a fraude teve início em 1980, quando Reis emitiu um RG com dados falsos utilizando uma certidão de nascimento adulterada. Com essa identidade, ingressou na Faculdade de Direito da USP, passou em concurso público e atuou como juiz por 23 anos, até se aposentar em 2018.
A farsa começou a ruir em outubro de 2024, quando o juiz tentou renovar o RG de “Wickfield” no Poupatempo Sé, em São Paulo. O sistema de biometria da Polícia Civil identificou coincidência nas impressões digitais com outro registro, o de José Eduardo Franco dos Reis. A duplicidade levou à abertura de uma investigação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público.
Durante depoimento, o ex-magistrado alegou que “Wickfield” seria seu irmão gêmeo adotado por uma família inglesa e que ele apenas teria tentado ajudá-lo a obter documentos no Brasil. A explicação não convenceu os investigadores, que também não localizaram Reis nos dois endereços informados. Desde então, o paradeiro do juiz é desconhecido.
O Tribunal de Justiça de São Paulo informou nesta sexta-feira (4) que suspendeu todos os pagamentos ao ex-juiz até nova ordem. O caso está sob segredo de justiça e tramita na 29ª Vara Criminal de São Paulo, que expediu mandado de citação para que o acusado se manifeste na ação penal.