“Nossa todo mundo está morrendo, alguém tem que denunciar este lugar” | O Democrata

Na última terça-feira, dia 2, a Vigilância Sanitária de São Roque interditou temporariamente a Unidade de Hemodiálise do município, por suspeita de contaminação. O auto de interdição foi emitido ao Centro Médico e Nefrológico (CEMENE), OSCIP que gerencia a Unidade.

De acordo com o chefe da Vigilância Sanitária, Francisco Cruz, a situação foi levada aos grupos de Vigilância Sanitária e Epidemiológica (GVS/GVE – Sorocaba) para a realização de uma inspeção local, a fim de chegar à identificação.
O Jornal O Democrata obteve informações exclusivas de fontes que preferiram não se identificar com medo de retaliações.
Mortes

Segundo relatos de pessoas que preferiram não se identificar, desde dezembro de 2018 até março de 2019, 35 pacientes que se tratavam na unidade acabaram falecendo. Em fevereiro 15 pessoas acabaram morrendo, em março foram nove mortes. Conversas em um grupo de WhatsApp, mostram o desespero de profissionais da área que tinham conhecimento do que estava acontecendo com os pacientes, ao saberem das mortes e da possível contaminação. Em uma postagem neste grupo, uma pessoa disse as seguintes palavras “Nossa todo mundo está morrendo, alguém tem que denunciar”.

Estas mortes até o momento não teriam ligação com a contaminação apontada pela Vigilância Sanitária. Uma investigação será aberta para descobrir se estas mortes teriam relação com a contaminação no local.

Uma pessoa que preferiu não se identificar, disse a nossa redação que os superiores do local já estavam cientes da situação e que houve um aumento considerável no número de infecções nos últimos meses. Nossa fonte também disse, que outra empresa de saúde ia a Unidade de Hemodiálise constantemente para tentar descobrir o motivo de tantas infecções. Esta fonte também nos informou que alguns exames feitos nos pacientes, apresentaram bactérias em seus cateteres. O Jornal O Democrata, não obteve acesso as estes exames.

Pacientes

Conseguimos contato com três ex-pacientes que também, por motivos de segurança, preferiram não se identificar.

Um casal informou que quando se tratava na Unidade de Hemodiálise de São Roque, após as sessões de tratamento, os dois saiam muito debilitados, com tontura, falta de ar e espasmos musculares. Desde então, o filho do casal leva os pais toda semana até Sorocaba. Eles informaram que após o tratamento na cidade vizinha estes sintomas não apareceram mais.

Outra paciente que se tratava na unidade informou que por diversas vezes viu locais sujos dentro da dependências, “sem cuidados que uma área hospitalar deveria ter”, disse.

Tratamento

Os pacientes que faziam hemodiálise na Unidade de Hemodiálise de São Roque foram transferidos para uma clínica particular em Itu. Todos os 177 estão sendo atendidos e não vão precisar interromper o tratamento. O CEMENE oferecia hemodiálise desde 2013 pelo SUS e é administrado por uma organização social. Atendia atualmente a pacientes de São Roque e cidades vizinhas, como Alumínio, Mairinque e Araçariguama.

Medidas

Segundo o chefe da vigilância, Francisco Cruz, em entrevista ao G1, reclamações sobre a falta de funcionários e descuido com desinfecção e limpeza vinham aumentando. Irregularidades em vários procedimentos também foram constatadas, mas todas possíveis de serem corrigidas.

“É imprudente correlacionar os óbitos ocorridos às inadequações que foram aferidas, mas nosso trabalho neste momento é exatamente este, investigar para concluir”, disse Francisco.

De acordo com Francisco, o índice de pacientes do Cemene com infecção aumentou no último mês, mas ainda é preciso apurar se está relacionado às irregularidades. Óbitos também foram registrados, mas ainda não há confirmação de que as mortes tenham sido causadas por possíveis falhas cometidas pelo Cemene.

Em nota, o centro médico informou que trabalha com todas as condições necessárias de higiene e que está à disposição da Prefeitura de São Roque para apurar a suspeita de contaminação.

Matéria: Alan Vianni

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