O sonho de fazer o sertão virar mar | O Democrata

Artigo publicado na edição do Jornal o Democrata de 18/09

Dom Pedro II – Imperador do Brasil – foi um homem acima do seu tempo. Seu reinado foi marcado pela expansão diplomática brasileira no mundo, pela fundamentação de instituições de governo, e pela expansão territorial através de tratados e guerras. Amava o Brasil, e lutou pelo seu desenvolvimento, chegando a tentar por em prática uma antiga ideia, que inundaria o sertão: a transposição do rio São Francisco.

O primeiro plano dessa obra de que se tem notícia, remonta à década de 1810, no fim da Colônia, mas só começaria a ser levado a sério no reinado de Dom Pedro II, que esteve bem perto de executar o projeto.

Documentos históricos sob a guarda do Arquivo do Senado e do Arquivo da Câmara mostram que vários projetos de lei que previam a transposição passaram pelas mãos dos senadores e deputados do Segundo Reinado,

segundo a Agência do Senado.

As secas cíclicas castigavam o Norte (como se chamava a porção do país acima de Minas Gerais) desde sempre, dizimando plantações, matando rebanhos e levando sede, fome, doença e miséria à população. Mesmo assim, nenhum dos projetos do Parlamento imperial que previam o “encanamento” vingaria, a despeito de dom Pedro II ter contratado o engenheiro alemão Henrique Guilherme Fernando Halfeld para elaborar dois projetos: um que tornasse o São Francisco integralmente navegável e outro que desviasse água do rio para outros pontos da região.

D.Pedro II fez em 1859 uma excursão ao Norte para visitar o rio São Francisco, contudo, não conseguiu iniciar a transposição, pois faltou o apoio do Parlamento. Os senadores e deputados rejeitaram ano após ano, todas as emendas ao Orçamento imperial que destinavam verbas à obra.

Segundo o historiador Pereira de Oliveira, do IFRN, a obra do Rio São Francisco não foi aprovada por causa da briga entre as províncias. Os senadores e deputados do Norte estavam rachados, cada um querendo que a sua região fosse a beneficiada. Os parlamentares do restante do Império boicotaram todos os planos, desejosos de que a fortuna a ser consumida pela transposição fosse destinada a obras em suas próprias províncias.

Como vemos, o problema de seca nessa parte do país, sempre existiu devido a interesses políticos, comandados pelos poderosos, que tiravam muito proveito dessa situação. Isso foi no passado, e se perdurou nos tempos atuais, sendo que poucos se beneficiaram em cima do sofrimento de muitos.

Em 2007 as obras foram iniciadas, com previsão de término para 2012. No entanto, o grande esquema de corrupção desviou todos os recursos, deixando no abandono os trechos construídos que se decompuseram devido à ação do tempo. O governo atual precisou reconstruir o que foi feito e concluir o trajeto, realizando o tão almejado sonho nordestino. Como estaríamos melhores se não fosse a maldade de diversos políticos.

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