Discurso de Bolsonaro gera revolta e preocupação de diversos setores da sociedade | Política

Durante a noite de terça-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro discursou em rede nacional sobre a situação do país por causa das medidas de proteção contra o coronavírus.

Contrariando tudo o que especialistas e autoridades sanitárias do país e do mundo inteiro vêm pregando como forma de evitar que o novo coronavirus se espalhe, o presidente Jair Bolsonaro criticou, em pronunciamento na noite desta terça-feira (24) em rede nacional de televisão, o pedido para que todos aqueles que possam fiquem em casa.

Bolsonaro culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de “pavor”. E disse que, se contrair o vírus, não pegará mais do que uma “gripezinha”.

Consultado, o Ministério da Saúde informou que não vai se posicionar sobre o pronunciamento do presidente.

Repercussões

De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, no dia 24, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em linha com o Presidente, já havia afirmado que restrições impostas nos Estados, como o fechamento de comércios, são “péssimas” para o setor da saúde. Apesar de afirmar que não irá pedir aos governadores para afrouxarem as medidas, ele disse que alguns estão percebendo que aceleraram decisões e que será necessário fazer ajustes.

Os argumentos que têm sidos usados é que o bloqueio do comércio desconsidera o enorme impacto humanitário e social de uma recessão econômica profunda,que afeta principalmente os segmentos mais vulneráveis da população.

Para os assessores da Assessores da ala militar do presidente Jair Bolsonaro a reação foi negativa, pois foram contra a elaboração do que chamam de “discurso de ódio” , pois era esperado um “discurso conciliatório”, de avaliação do cenário para dar uma perspectiva de respiro econômico. Segundo o site Crusoé, era esperado que o presidente usaria o discurso para pregar a união e destacar a importância do pacote de R$ 88 bilhões anunciado pelo governo para auxiliar estados e municípios.O texto foi construído por Carlos Bolsonaro e integrantes do “gabinete do ódio”, como ficaram conhecidos os assessores que cuidam das redes sociais do presidente. A estratégia é dar munição para seu eleitoral voltar a defender o governo.

No Palácio do Planalto, sobre pressões de parlamentares para que Mandetta deixe o cargo após o discurso, assessores do presidente afirmam que ele fica no cargo, que não tem essa saída. Para integrantes do seu partido, o DEM, o presidente acabou pedindo “indiretamente” sua saída quando fez o pronunciamento desautorizando tudo que os técnicos da área da saúde recomendam para o momento, como uma “desmoralização”.

Houve a manisfestação de aversão ao discurso em diversos jornais e sites como o HuffPost Brasil. “Como um bicho adestrado, Bolsonaro imita Donald Trump, o único líder que teve o desatino de defender que as pessoas voltem a trabalhar em meio à curva crescente de contágio. Horas antes, Trump havia dito que “a cura não pode ser pior do que o problema”. A declaração foi dada depois de a OMS (Organização Mundial de Saúde) dizer que os Estados Unidos têm potencial para se tornarem o novo epicentro da pandemia de coronavírus.” O discurso de Bolsonaro continua com um show de horrores: “o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos, então por que fechar escolas?”; “raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade – 90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine”; “no meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”.

As entidades Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), Associação Brasileira da Rede Unida, Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), Associação Paulista de Medicina (APM) e a Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) emitiram uma nota de repúdio sobre o discurso irresponsável que nega o conjunto de evidências científicas que vem pautando o combate à pandemia da COVID-19 em todo o mundo. Sua fala acaba desqualificando o trabalho sério e dedicado de toda uma rede nacional e mundial de cientistas e desenvolvedores de tecnologias em saúde.

Leia o pronunciamento na íntegra:

Boa noite.

Desde quando resgatamos nosso irmãos em Wuhan na China numa operação coordenada pelos ministérios da Defesa e Relações Exteriores surgiu para nós o sinal amarelo. Começamos a nos preparar para enfrentar o coronavírus, pois sabíamos que mais cedo ou mais tarde ele chegaria ao Brasil.

Nosso ministro da Saúde reuniu-se com quase todos os secretários de Saúde dos estados para que o planejamento estratégico de enfrentamento ao vírus fosse construído.

E, desde então, o doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS para o atendimento de possíveis vítimas.

Mas o que tínhamos que conter naquele momento era o pânico, a histeria e, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa. Assim fizemos, contra tudo e contra todos.

Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão. Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália, um país com grande número de idosos e com o clima totalmente diferente do nosso. O cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país.

Percebe-se que, de ontem para hoje, parte da imprensa mudou seu editorial, pedem calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns, imprensa brasileira. É essencial que o bom senso e o equilíbrio prevaleçam entre nós.

O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade.

Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércios e o confinamento em massa.

O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. Noventa por cento de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine.

Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nosso queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde.

No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão.

Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença. O FDA americano e o hospital Albert Einstein, em São Paulo, buscam a comprovação da eficácia da cloroquina no tratamento do Covid-19. Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre esse remédio fabricado no Brasil e largamente utilizado no combate à malária, ao lúpus e à artrite.

Acredito em Deus, que capacitará cientistas e pesquisadores do Brasil e do mundo na cura dessa doença. Aproveito para render minha homenagem a todos os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros técnicos e colaboradores que na linha de frente nos recebem nos hospitais, nos tratam e nos confortam.

Sem pânico ou histeria, como venho falando desde o princípio, venceremos o vírus e nos orgulharemos de viver nesse novo Brasil que tem, sim, tudo para ser uma grande nação. Estamos juntos, cada vez mais unidos.

Deus abençoe nossa pátria querida.

(Fontes: G1 (blog de política da Andreia Sadi), O Estado de São Paulo, Crusoé e NE Notícias e HuffPost Brasil)

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