A morte de Cleriston Pereira Cunha, conhecido como “Clezão do Ramalho”, no Complexo Penitenciário da Papuda, nesta segunda-feira, 20, revela uma sequência de eventos alarmantes, destacando a falta de cuidado e atenção no sistema prisional. Cunha, de 45 anos, foi detido em 8 de janeiro após se refugiar em um prédio invadido por manifestantes, Segundo a defesa, ele buscava proteção contra ataques com bombas e balas de borracha.
As informações oficiais enviadas pela Papuda à juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais, dizem que Cleriston teve um mal súbito durante o banho de sol, por volta das 10h, no bloco de recolhimento. Apesar dos esforços das equipes envolvidas, o óbito foi confirmado às 10h58 por um médico do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal que o socorreu para uma unidade de saúde externa ao presídio.
A tragédia ganha contornos ainda mais sombrios ao considerar que Clezão deveria ter sido libertado em 1º de setembro de 2023, conforme ordem da Procuradoria Geral da República. O subprocurador geral da República, Carlos Frederico Santos, havia revogado a prisão, argumentando que não mais se justificava a segregação cautelar, dada a ausência de riscos à ordem pública ou à instrução criminal.
Contudo, a negligência dentro da prisão se torna evidente ao saber que Cleriston já apresentava dores no peito dias antes de sua morte, sem receber o cuidado adequado. Relatos indicam que ele passou mal no pátio do presídio e foi socorrido pelo Dr. Frederico, outro preso enfrentando acusações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro.
O advogado de Cleriston havia solicitado prisão domiciliar em janeiro de 2023, alertando para os riscos de morte iminentes, mas o pedido foi ignorado. A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal afirmou que o detento era acompanhado por uma “equipe multidisciplinar” da Unidade Básica de Saúde da Papuda desde sua entrada na unidade em 9 de janeiro de 2023.
Cleriston Pereira da Cunha deixa duas filhas e uma esposa, destacando a ironia cruel de um homem cuja prisão foi revogada há mais de dois meses, encontrar a morte no local onde não deveria mais estar, de maneira desumana e trágica.