Quem ama cuida | O Democrata

Por esta época de janeiro, no ano passado, a cidade de São Roque experimentava um misto de euforia e expectativa, com a chegada da dupla Claudio Góes e José Weber à Prefeitura.

A justificada insatisfação da população com a gestão do ex-prefeito Daniel de Oliveira Costa e a consequente votação expressiva atribuída aos governantes eleitos depositaram sobre ambos o peso da responsabilidade de sanar os problemas não resolvidos pelos seus antecessores e criar inovações que alavancassem o desenvolvimento da cidade, em todos os setores pelos quais a Prefeitura transita.
E também havia, como sempre há, quem, pelos mais diversos motivos, não visse nos eleitos competência, talento e amor à cidade suficientes para transformá-los nos gestores públicos que todas as pessoas desejam ver à frente do Poder Executivo.

No que diz respeito aos ocupantes da Câmara Municipal, expectativa e euforia foram muito mais
moderadas, embora a renovação das cadeiras tenha sido importante para mostrar que a população está atenta ao trabalho e à falta de trabalho do Poder Legislativo.

Os primeiros tempos do Poder Executivo, no ano passado, foram de medidas cruciais para demonstrar o empenho do novo prefeito em colocar a cidade em um novo ritmo de ordem e trabalho. A notícia do fim da intervenção na Santa Casa, assinado em 5 de janeiro de 2017, soou como música aos ouvidos de quase todos os são-roquenses e fez com que muita gente tivesse certeza de haver acertado na hora de votar.
A suspensão da execução do contrato com a empresa que operava os parquímetros na cidade, em fevereiro, também mereceu aplausos, assim como as obras de reconstrução da Marginal, em que pese a demora em sua conclusão.

Nem tudo, todavia, mereceu aplausos no ano que passou. Entre os motivos de desagrado para boa parte da população está, por exemplo, a manutenção da Viação São Roque como operadora do transporte público na cidade e, o que causou imenso descontentamento nessa situação foi a permanência da empresa de ônibus ser possível graças à oferta de um subsídio público no valor de mais de um milhão de reais, mediante o sacrifício de uma parcela significativa do orçamento destinado ao Departamento de Cultura.
E por falar em Departamento de Cultura, o primeiro ano da nova gestão foi pouquíssimo produtivo nesse setor, segundo revela a grita geral de pessoas ligadas a movimentos e iniciativas culturais na cidade, que prometem fazer de 2018 um ano de militância ostensiva para reverter o marasmo reinante nesse segmento.

A Saúde também tem deixado a desejar, conforme se vê pelas contínuas reclamações que dizem respeito à Santa Casa de Misericórdia, várias delas envolvendo a morte de pacientes em circunstâncias cujas explicações não são convincentes ou mesmo satisfatórias.

A precariedade da conservação de muitas das escolas municipais, as falhas recorrentes no serviço de coleta de lixo, as constantes reclamações sobre o mau estado de ruas e estradas do município, a falta de notícias sobre a possibilidade de implantação do trem turístico, entre outros reclamos, acabam abafando as ações positivas da Prefeitura e causando uma impressão de que, mais uma vez, o que há é mais do mesmo.

O que não se pode perder de vista ao analisar-se o contexto atual da cidade é que o prefeito Claudio Góes herdou uma prefeitura sem dinheiro, com dívidas a pagar e uma infinidade de coisas a serem consertadas e organizadas, o que certamente limitou e adiou em muito a execução dos projetos e planos com que ele pretende marcar a sua gestão.

Quem elegeu Claudio Góes para Chefe do Executivo por certo gostaria de ver São Roque administrada com o mesmo sucesso da Vinícola Góes e a cidade cuidada com o mesmo esmero do empreendimento da família do prefeito, já que é natural que se espere que ele transporte para a vida pública o dinamismo e a eficiência com que deslancha na iniciativa privada.

Infelizmente, isso é inviável, pois a administração pública é repleta de entraves, burocracias e pouca autonomia para o gestor, de modo que, por maiores que sejam sua competência e seu espírito empreendedor, sempre haverá uma rédea a tolher-lhe ou conter-lhe parte das ações.

Passado o primeiro ano, é esperado que a euforia e a expectativa diminuíssem. O que não pode haver é o desencanto e a decepção na população, razão pela qual é preciso que a administração redobre seu afinco para cuidar da cidade neste segundo ano de mandato, mantendo os são-roquenses confiantes na escolha que fizeram nas urnas.

Que o ano de 2018 seja de muitos cuidados para com a cidade de São Roque, afinal, em campanha política não há quem diga não amá-la e, com diz a sabedoria popular, quem ama cuida…

P.S.: O mesmo recado vale também para os vereadores.

Simone Judica é advogada, jornalista e colunista de O Democrata (simonejudica@gmail.com)
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