Ao completar 125 anos de fundação, a Santa Casa de Misericórdia de São Roque foi homenageada pela Câmara Municipal de São Roque com uma moção de congratulações de autoria do presidente da casa, José Carlos Baroni Garcia (Zé Balaio), aprovada em 17 de fevereiro de 1998. A Santa Casa que nasceu no legislativo são-roquense por iniciativa do vereador e presidente da casa Comendador Inocêncio na sessão de 15 de janeiro de 1872, mas foi instalada oficialmente em 02 de fevereiro de 1873.
O Jornal O Democrata publicou em 7 de março de 1998 texto assinado por José Firmino Pereira da Silva, diretor de Patrimônio da Santa Casa, que também foi vereador na legislatura 1992/1996 destacando a homenagem da Câmara de São Roque.
Nas edições seguintes, Firmino escreveu outros dois textos: “Como ajudar a Santa Casa” (14 de março) e “O Sistema Único de Saúde” (28 de março).
No primeiro, responde pergunta do leitor e amigo Annibal Peres Homem de Mello sobre quais os caminhos para a comunidade auxiliar a Santa Casa? Na resposta, quatro sugestões.
1) Doações: donativos de bens, remédios e dinheiros, emitindo a Santa Casa um recibo à doação efetuada.
2) Prestação de serviço sem remuneração: tornando-se associado mediante pagamento anual de pequeno valor. Esse associado elege em assembleia geral os membros do Conselho e o secretário. O Conselho elege o provedor e o provedor a diretoria. Todos os serviços são prestados em caráter relevante sem qualquer tipo de remuneração.
3) Se o cidadão tem bons contatos políticos (municipal, estadual e federal) deve lutar para a concessão de verbas do orçamento para a Santa Casa.
4) Firmar contrato com o Plano Santa Casa Saúde para atendimento médico-hospitalar, considerando que uma parcela da arrecadação é repassada à Santa Casa. Observação. O plano de saúde foi extinto por falhas na administração.
Em 1998, a diretoria era formada por Tarquínio Alves de Lima (provedor), Orlando Rizzo (vice-provedor), Wilson Domingos Tessarin (diretor secretário), Benjamin José de Carvalho (diretor financeiro), José Firmino Pereira da Silva (diretor de patrimônio), Capitão Jorge Francisco dos Santos (presidente do Conselho dos Representantes) e Wladimir Nardelli (secretário).
Na outra publicação, um assunto que acompanha a Santa Casa desde a fundação. A dificuldade financeira de manter o hospital em funcionamento. Firmino transcrevia que o próprio ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, entendia que “a saúde [no Brasil] continuava a ser dominada pelo fisiologismo e a corrupção.”
Lembra que “o ex-ministro Adib Jatene concentrou esforços na criação da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira/Imposto do cheque que vigorou de 1997 a 2007) e aumentou o orçamento de 6 bilhões para 19 bilhões”, mas depois de 14 meses descobriu que o problema do Ministério da Saúde não era tanto a falta de recurso, mas de recursos mal administrados e até malversação [apropriação indevida] de recursos.”
Firmino também cita outro problema que castigava as finanças da Santa Casa. Antes o atendimento gratuito era para os inscritos no INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) e tratava gratuitamente dos necessitados, mas a Constituição de 1988 ampliou para todos, indistintamente, com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 1998, o SUS pagava R$ 2,54 por consulta médica, “além de ser pouco, o dinheiro ainda é pago com atraso”. A esperança de Firmino era a municipalização da saúde, então prevista para maio de 1998.
Vander Luiz



