São Roque já é chamada de Cidade do Vinho. Um título bonito, cheio de aroma e tradição. Mas que tal chocar os degustadores e combinar a bebida com pastel de feira, jazz na esquina e oficina de circo para as crianças? Neste fim de semana, a Avenida Bandeirantes resolveu provar que a cidade pode ser mais do que um destino de taça na mão. Virou um caldeirão, ou melhor, uma panela: o 1º Festival Gastronômico de Rua do Roteiro do Centro.

O centro, esse senhor de idade que carrega histórias em cada esquina, muitas vezes foi visto apenas como local de passagem — compra rápida, fila no banco, correria para pegar o ônibus. Agora, de repente, ele descobre que pode ser anfitrião. Com mais de 30 opções gastronômicas, dois palcos de shows, feira de artesanato e uma área kids que parece gritar “fiquem mais um pouco”, o centro ganhou cara de sala de visitas da cidade.
A fórmula é conhecida e certeira: boa comida, boa música e boas histórias. Mas o que está em jogo vai além de um fim de semana divertido. Eventos assim são um lembrete de que São Roque pode oferecer não apenas um passeio de bate e volta, mas uma experiência que convida o turista a ficar. Passar o dia é bom; passar dois, três, gastar no comércio local e voltar para casa com a sensação de que precisa retornar — isso é desenvolvimento.
Não se trata apenas de economia. É identidade. É a cidade redescobrindo a si mesma, lembrando que o vinho é apenas uma parte da narrativa. O centro, com sua arquitetura, seu movimento e seu potencial, pode ser o palco de uma São Roque mais plural, onde a cultura, a gastronomia e o lazer se entrelaçam num roteiro que ainda está sendo escrito.
Que venham outros festivais, outras ideias e outras ocupações criativas. Porque se o vinho já nos deu o título, talvez o centro, bem tratado e valorizado, possa nos dar algo ainda maior: o status de cidade onde o visitante não apenas brinda, mas também se hospeda, passeia, descobre — e, o mais importante, volta.