Especialista aponta que células contidas no dente de leite ajudam no tratamento de doenças e possuem potencial regenerativo | Saúde e Bem-Estar

Os dentes de leite são fontes acessíveis de células tronco mesenquimais do organismo humano, e por sua vez, podem ajudar no tratamento de doenças futuras, além de conterem alto poder regenerativo e multiplicador.

A polpa do dente de leite é composta por vasos sanguíneos, nervos e células-tronco ‘mesenquimais’, ou seja, possuem capacidade de ampla variedade de diferenciação, tais como células dos tecidos: muscular, neuronal, adiposo, ósseo, cardíaco e até cartilaginoso.

Estudos iniciais realizados no Japão e em outros países mostraram o sucesso desse tipo de terapia molecular no tratamento de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson, por exemplo. Além disso, após a aplicação das células mesenquimais, os resultados apontaram para melhora da qualidade de vida desses pacientes, em muitos casos também, prolongando sua estimativa de sobrevida.

Nos Estados Unidos, estudos para busca de novas terapias para autismo também estão utilizando células-tronco. No País, foi desenvolvido a partir de células, mini cérebros com alterações, em que é possível testar inúmeras terapias e medicamentos para esse tipo de transtorno que afeta inúmeras crianças no mundo. No Brasil, os estudos com células-tronco estão avançando para correção de fendas lábio-palatinas, onde as células são associadas a esponjas de fibrina, realizando enxertos locais, trazendo uma melhor resposta e uma cirurgia menos traumática para as crianças, no Hospital Albert Einstein.

Quem pesquisa há alguns anos o tema, é a professora e odontolóloga dra. Daniela Abreu, que leciona no curso de Odontologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) — instituição que integra a Cruzeiro do Sul Educacional. Especialista no assunto, a docente tem dedicado parte do seu tempo a analisar a terapia molecular de células mesenquimais.

“Trata-se de uma terapia muito promissora e que se estende em diversas frentes de aplicações. As células mesenquimais, presentes nos tecidos dos dentes de leite, demonstraram alta capacidade multiplicadora e regenerativa, sendo possível produzir tecido adiposo, esquelético, cartilaginoso e até neurônios”, explica a docente do UDF.

As células-tronco da linhagem hematopoiética já estão sendo utilizadas em terapias desde a década de 50 do século XX, nos transplantes de medula óssea. Dessa forma, as células-tronco mesenquimais passaram a ser alvo de muitos estudos na atualidade. Muitas pesquisas estão desvendando a biologia molecular da célula, outros estudos já testam as células em doenças como infarto do miocárdio, AVC, doenças neurológicas degenerativas. Ainda segundo a dra. Daniela, as mesmas células mesenquimais estão sendo alvo de pesquisa para tratamentos odontológicos no futuro. “A terapia regenerativa visa buscar substitutos biológicos, dessa forma, podemos vislumbrar para o futuro, a reconstrução de tecidos dentais perdidos em processos dentais infecciosos, além de regeneração de tecido cartilaginoso, gorduroso e ósseo”, afirma.

Todos esses tratamentos ainda estão em fase de pesquisa, e futuramente, espera-se que estejam acessíveis para a população. No momento, existem no Brasil e no mundo, bancos de células, que possibilitam o armazenamento para uso no futuro. Dessa forma, os pacientes consentem pelo armazenamento de suas células e caso algum dia apresentem uma doença rara ou que possibilite essas terapias, o material poderá ser utilizado. 

Caso o cirurgião-dentista queira propor esse armazenamento aos pacientes é necessário em primeiro lugar, o credenciamento do profissional a um banco de células. Nesse caso, a recomendação da dra. Daniela, é pesquisar sobre institutos de tecnologia reconhecidos pela Anvisa que oferecem esse tipo de serviço e buscar orientação profissional. Se o responsável pelo paciente se interessar pela preservação das células para futuras terapias, será necessário programar a extração para que seja feito o isolamento dessas células. De acordo com a especialista, o tempo para que as células se mantenham vivas e úteis até o seu armazenamento são e poucas horas, mas o dente poderá ser conservado em solução apropriada, preservando a vitalidade celular.

Como armazenar o dente de leite

Ainda um dos percalços para se acessar o tratamento molecular, o armazenamento correto dos materiais, no caso o dente de leite, é primordial para o sucesso dos tratamentos no futuro. Isso porque as células mesenquimais contidas na polpa dentária podem morrer em até 120 minutos, caso não sejam adequadamente acondicionados em local próprio. Dessa forma o dente deverá ser conservado em solução laboratorial rica em aminoácidos, vitaminas e sais até ser transportado para o banco de células, relata a dra. Daniela.

Após o isolamento e expansão das células em ambiente laboratorial, elas deverão ser armazenadas a temperaturas baixíssimas, que muitas vezes passam de centenas de graus negativos.

“Os laboratórios credenciados possuem armazenamento próprio, como freezer a menos 80° e botijões de nitrogênio para criogenia para o acondicionamento desses materiais. Dessa forma, as células poderão ser preservadas por anos e caso haja necessidade futura, o paciente poderá se submeter a terapias celulares”, comenta a especialista.

Daniela Moraes: Doutora em Ciências da Saúde, Mestra em Bioética-Saúde Coletiva, Especialista em Odontopediatria pela ABO-DF (2010), Especialista em Saúde Coletiva, Especialista em Ortodontia. Professora Assistente-1 do Centro Universitário do DF na área de Odontopediatria e Saúde Coletiva; Odontopediatra no Hospital da Criança-DF; Cirurgiã-dentista na área de Odontopediatria e Ortodontia. Experiência na área de Odontologia no âmbito público e privado, com ênfase em Promoção de Saúde Bucal e experiência em Biologia Molecular, com ênfase em Células-tronco mesenquimais da polpa dental

Jornal O Democrata São Roque

Fundado em 1º de Maio de 1917

odemocrata@odemocrata.com.br
11 4712-2034
Rua Marechal Deodoro da Fonseca, 04
Centro - São Roque - SP
CEP 18130-070
Copyright 2021 - O Democrata - Todos os direitos reservados
Os textos são produzidos com modelo de linguagem treinado por OpenAI e edição de Rodrigo Boccato.