Especialista refuta homem que diz dormir 30 minutos por dia

Nesta semana, um japonês viralizou na internet ao afirmar dormir por apenas 30 minutos por dia há 12 anos. Daisuke Hori se diz presidente da Associação de Sono Curto do Japão, e depende o hábito, defendido por ele como “saudável”.

Deste lado do mundo, o professor do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Alan Luiz Eckeli, rechaçou a prática – “impossível”, disse.

‘É impossível uma pessoa dormir 30 minutos há 12 anos. Sem dúvida nenhuma ele está mentindo. A gente tem que entender o sono como uma função vital, assim como a alimentação e a respiração. Você não vive sem se alimentar, respirar e dormir”, determina.

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Eckeli cita um estudo realizado há anos atrás como camundongos, que exemplifica a forma que a privação do sono pode atingir também humanos. Os animais foram isolados em três grupos – o primeiro, sem água, o segundo, sem dormir, e o terceiro, sem comida.

Alguns dias depois, os cientistas observaram que os camundongos do primeiro grupo adoeceram e morreram. O mesmo aconteceu com os privados do sono, e por último, os que não se alimentaram. “Fica bem claro que são funções vitais para o organismo, e o quanto é importante, no caso do sono, para a perpetuação da vida”, afirma.

No caso específico de Hori, o professor – que é descendente de japoneses – aponta uma certa influência dos costumes do país no hábito.

“A sociedade moderna não agrega valor ao sono, pelo contrário, quem dorme mais, respeita o sono, não é visto com bons olhos. Aí entramos na sociedade japonesa. No Japão, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, o sono está associado à preguiça. Japoneses, principalmente desde a década de 1980 em diante, se colocam como um povo que trabalha muito. Respeitar o tempo total de sono, expressando isso para a sociedade não é um bom valor, é motivo de vergonha”, explica.

O especialista aponta os efeitos que a privação do sono pode causar no corpo humano que vão muito além da conhecida fadiga ou sensação de cansaço e afetar a saúde mental.

“Do ponto de vista agudo, você dorme mal hoje a acorda de mau-humor. Impaciente, com pavio curto, sua empatia dimiui e isso aumenta a chance de conflito. É um dos aspectos. Se você tem problemas no sono de maneira crônica, aumentam as chances de depressão também”, lista.

“Pior do que isso, as pessoas que dormem menos de 6h tem uma expectativa de vida reduzida, segundo outros estudos. Seja na redução qualidade de vida, na saúde mental, seja na expectativa de vida, dormir pouco não é adequado.”

O processo de aprendizado também é prejudicado pelo ciclo irregular de descanso, conforme explica o professor.

“O processo de consolidação do aprendizado também vem do sono. Se hoje você aprende a pilotar uma moto, os circuitos que estão relacionados a esse aprendizado vão ser ativados, reverberados durante a sono e nas próximas noites. Se você tiver um prejuízo na qualidade ou quantidade do sono, possivelmente terá prejuízo na consolidação da memória. Quando tentar lembrar disso, não vai conseguir. Dormir pouco está associado a problemas cognitivos de uma forma muito clara, mas isso não está capilarizado em grande parte da população.”

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Nos anos de 1960, o norte-americano Randy Gardner fez um experimento sobre a privação do sono: conseguiu ficar 11 dias e alguns minutos sem dormir, mas seu estado de saúde ficou comprometido. “No final do período ele estava alucinando, virando aquele camundongo que ia morrer, com risco de vida, passando muito mal”, conclui o Dr. Eckeli.

Fonte: IG SAÚDE

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