No dia 31 de outubro é comemorado o Halloween, ou dia das bruxas, data onde normalmente as pessoas usam fantasias assustadoras e assistem filmes de terror, mas essa festa relacionada ao medo nos lembra de um instinto muito comum,mas pouco valorizado do nosso corpo. Afinal, como o nosso cérebro interpreta o medo?
As reações de medo são mecanismos de defesa do corpo humano e ativa determinadas ações no nosso cérebro, afirma o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela.
“O medo é uma resposta inata dos seres humanos, ele possui um papel essencial na sobrevivência agindo como um mecanismo de alerta diante de ameaças que desencadeia uma gama de reações físicas e mentais que preparam o indivíduo para enfrentar ou evitar uma circunstância específica que possa afetar a sua integridade”.
“Sentir medo desencadeia várias respostas biológicas no corpo humano, como o aumento da tensão muscular para aprimorar o estado de vigília, aumento dos níveis de glicose no sangue para fornecer energia adicional, e a liberação de hormônios como adrenalina, cortisol e epinefrina que promovem a dilatação das pupilas e intensificam a atividade do coração e dos pulmões, preparando o corpo para reagir diante da ameaça percebida”, afirma Dr. Fabiano de Abreu.
Instinto de sobrevivência
“O medo é uma reação vinda de tempos ancestrais onde os seres humanos precisavam fugir de predadores e para isso seu corpo precisava ter respostas rápidas a determinados sinais que indicavam a presença do perigo, naturalmente, que tinha esse instinto mais aflorado sobrevivia com mais facilidade”.
“A resposta de lutar ou fugir é um processo neurobiológico desencadeado a princípio pela amígdala, uma região do cérebro associada à experiência emocional. Esse mecanismo ancestral não diferencia entre ameaças físicas ou mentais, resultando nas mesmas reações, como mãos suadas e ansiedade, tanto diante de perigos reais quanto em situações desafiadoras, como entrevistas de emprego ou filmes de terror”.
“Quando uma situação gera medo e tensão, como a trilha sonora de um filme de terror, os jumpscares, te dão um susto, a amígdala reage. Ela libera glutamato, que atua em outras regiões cerebrais. O primeiro sinal alcança o mesencéfalo, levando a respostas involuntárias, como paralisia ou saltos, o segundo é direcionado ao hipotálamo, que estimula o sistema nervoso autônomo, acelerando o coração, elevando a pressão sanguínea e liberando adrenalina e dopamina por todo o corpo”, explica Dr. Fabiano de Abreu.
Por que gostamos de se assustar?
“Apesar de ser, em última análise, um instinto de sobrevivência, por que gostamos de assistir filmes de terror e levar sustos propositalmente? isso tem uma relação direta com um processo chamado ‘alívio-pós medo’”.
“O medo desencadeia um estado de alerta, influenciado pelo cérebro emocional impulsivo. Mas, em contextos mais inofensivos, como ao assistir a um filme de terror, o “cérebro racional” reconhece a ausência de um perigo real, o que gera uma resposta de relaxamento no corpo, proporcionando uma sensação de alívio que pode ser agradável” conta Dr. Fabiano.
Sobre Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues MRSB é Pós PhD em Neurociências eleito membro da Sigma Xi, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos , membro da Royal Society of Biology no Reino Unido e da APA – American Philosophical Association também nos Estados Unidos. Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society, Triple Nine Society, ISI-Society, Numerical e HELLIQ Society High IQ. Autor de mais de 220 artigos científicos e 17 livros.