O Japão foi um dos primeiros lugares do mundo a registrar casos de covid-19 no mundo, há cerca de dois meses, mas não impediu sua população de sair às ruas, assim como em diversos países. O país asiático teve seu primeiro caso um mês antes de nós brasileiros e possui 1.128 casos do novo coronavírus, com 42 mortes registradas até o momento, enquanto no Brasil são 1.891 casos e 34 mortes.
Segundo o Banco Mundial, a população acima de 65 anos no Japão é a maior do mundo (28% do total), superando a Itália, que se mostrou especialmente vulnerável nesta pandemia. Mesmo com esse dado, o governo japonês apenas fez um “apelo” à população para “abster-se voluntariamente de sair”, mas sem obrigar ninguém a ficar em casa.
Restaurantes, bares e centros comerciais estão abertos, e o metrô funciona normalmente, apesar das aulas estarem suspensas e os eventos esportivos adiados, como é o caso dos Jogos Olímpicos de Tóquio que aconteceriam a partir do final de julho.
Uma explicação para que o Japão tenha tomado medidas menos drásticas contra a covid-19 pode ser cultural, de acordo com o médico infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Mateus Westin.
“No Japão, é comum que pessoas que demonstram sintomas de doenças mantenham o ‘afastamento social’ e, quando precisam sair, elas utilizam máscaras por estarem sintomáticas, tem uma etiqueta da tosse absolutamente bem estabelecida”, ressaltou o profissional.
Ainda conforme o médico infectologista, a população japonesa mantém as ruas sempre higienizadas, onde cada um guardar seu lixo e dispensa em casa tudo que acumula. “Acho que tem uma questão cultural muito importante nesse aspecto, que faz com que a população, mesmo sem medidas rígidas do governo, tenha uma consciência individual de como lidar com o sintomático, de se isolar e proteger os demais”, finalizou.