O processo de luto, dentro da nossa atual realidade encontra-se cerceado de rituais, com significativas restrições que impactam diretamente na aceitação da perda, dificultando profundamente a assimilação da ausência da pessoa falecida.
Se para os adultos todo esse processo está significando sofrimento e angústia, as crianças e adolescentes precisam também de um olhar atento e acolhedor a sua perda. Diante da privação dos rituais de despedida, antes conhecidos, hoje vivemos um novo cenário, em que os familiares enlutados estão buscando novas formas, virtuais, para poder honrar e homenagear seus entes queridos.
Quando falamos da morte de um familiar, parente ou alguém com quem a criança teve um vínculo significativo é muito importante que alguém de referência e confiança dê a notícia, com uma linguagem clara e objetiva. Poder contar o que aconteceu, falando e oferecendo a verdade por mais difícil que seja, explicando o que será feito respeitando a idade e compreensão da criança, incluindo-a, traz um sentimento de pertencimento e acolhimento. Deixar a criança sem respostas, sufocada pelo silêncio como se ela não estivesse compreendendo o que aconteceu, é devastador.
É importante reconhecer que a criança quando perde alguém, ela também vivencia o processo de luto. O conceito de morte é diferente em cada fase de seu desenvolvimento, mas nem por isso ela deixa de vivenciar a perda, o sofrimento e a tristeza. Lembrando sempre que a criança enlutada dificilmente expressa o que esta sentindo através de palavras, mas sim pelo comportamento e ações (podendo ficar agressiva, agitada, mais isolada, mais quieta apresentar alterações no sono, no apetite e oscilação de humor)
É fundamental que ela encontre um espaço e um ambiente que suporte, respeite e acolha sua dor, angústias e saudade.
Louisanne A. S. Sanchez
Psicóloga especialista em emergência, perdas e luto
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