Diante da pandemia do novo coronavirus, temos acompanhado os profundos impactos diante da morte e dos rituais de despedida. Os velórios e funerais passaram a não ser recomendados para pacientes com confirmação ou suspeita de Covid-19, tendo duração de duas horas para no máximo 10 pessoas (varia entre as cidades).
O luto diante desse novo contexto, principalmente quando o ente querido faleceu de Covid-19 tornam o processo ainda mais delicado. Doentes pelo Covid-19 são isolados desde o início impedindo a família de participar de todas as etapas doença e morte.
Os rituais de despedida são formas simbólicas para representar a concretude de uma perda. Vivenciar o processo do luto e da despedida sem poder dividir as dores, sofrimentos e lembranças tendem a prejudicar e intensificar as consequências na vida do enlutado. Essa vivência passa a ser muito solitária, com pouco apoio familiar e de amigos, além do sentimento de pertencimento social que fica enfraquecido (percepção do quanto se é importantes e o quanto o falecido era amado), o que pode impactar diretamente na intensidade e no tempo de duração do luto.
Pensando nisso os rituais fúnebres estão sendo reformulados e ressignificados, para ganharem sentido e um impacto positivo no processo do luto. Falamos de rituais virtuais, transmissões on-line, conexões entre as famílias para ritualizar a despedida, cartas e documentos compartilhados com homenagens e memórias, ligações e mensagens.
Louisanne A. S. Sanchez
Psicóloga especialista em emergência, perdas e luto.
louisanne1@hotmail.com