Álcool em gel é a principal recomendação para higienização das mãos, além da lavagem com água e sabão. Entretanto, os supermercados e farmácias precisam lidar com a falta de estoque enquanto os consumidores se deparam com preços abusivos praticados. Mas o uso do produto a todo momento é eficiente?
Voltando para as aulas de química que aprendemos na escola, temos dois tipos de álcool vendidos comercialmente, o etílico (mais comum na limpeza de casa,cosméticos,entre outros) e o isopropílico em solventes, limpadores, etc. O álcool etílico e o isopropílico possuem atividade contra bactérias e vírus causadores da influenza, das hepatites B e C, e da AIDS, micobactérias e fungos. Em geral, o álcool isopropílico é considerado mais eficaz contra bactérias, enquanto o álcool etílico é mais potente contra vírus.
Mas como esse processo ocorre? Essa atividade ocorre provavelmente pela perda (desnaturação) de proteínas e remoção de lipídios, inclusive dos envelopes que revestem alguns vírus. Para apresentar sua atividade germicida máxima, o álcool deve ser diluído em água, que possibilita a desnaturação das proteínas.
O número que aparece nas embalagens de álcool etílico que compramos como 54, 70, 80 é a porcentagem de álcool em uma mistura com agua e existem dois tipos de medição: o Grau GL (°GL)ー Gay Lussac é a fração em volume ou percentual em volume (%v) e o Grau INPMー Instituto Nacional de Pesos e Medidas é a fração ou percentual em massa ou em peso (%p). Por causa dessa diferença de medição, o valor pode estar diferente nas embalagens.
Comumente usado na limpeza doméstica, esse tipo é composto por 54% de álcool e é vendido nos supermercados. A recomendação para atingir maior rapidez microbicida com o álcool etílico é que a concentração recomendada seja de 70%, vendidos em farmácias (que também possui a versão em gel para dar uma melhor aderência na pele e efetivar sua ação do produto). Nessa fração, as membranas da pele absorvem melhor, facilitando a entrada do álcool para dentro do patógeno (vírus, fungos e bactérias). O isopropílico não possui água em sua composição, possui o preço mais elevado e acaba sendo indicado para a limpeza de aparelhos eletrônicos, mas é mais inflamável que o etílico, por isso, é importante utilizá-lo próximos ao fogo e lugares muito quentes. Já os álcoois considerados “puros” como o etanol (93ºGL) e o álcool puro (96,8ºGL) não são eficiente para a assepsia porque evaporam mais rápido em contato com a pele.
Lavar as mãos ainda é a melhor solução.
O álcool tem eficácia até mesmo prolongada. Entretanto, se as mãos estiverem sujas, ele não substitui a limpeza com a clássica combinação de água e sabão, que é eficaz pois dissolve o suor, a oleosidade e as células mortas, o que impossibilita a formação de um ambiente propício à permanência e à proliferação de vírus, fungos e bactérias. A lavagem deve ser feita não somente antes das refeições e antes e depois de ir ao banheiro, mas também depois de tocar em objetos fora de casa, antes de tocar em bebês, depois de ter contato com pessoas doentes e sempre que a pessoa achar necessário.
O Instituto Butantan lançou um vídeo mostrando como lavar as mãos corretamente, que pode ser conferido neste link: