Sotero de Souza deixou a herança para a Santa Casa de São Roque e foi homenageado com o nome do hospital – O Democrata

Alguém já perguntou onde fica em São Roque o Hospital e Maternidade “Sotero de Souza”? E talvez tenha se surpreendido ao saber que se trata da Santa Casa de São Roque. No meu registro de nascimento, consta, por exemplo, Maternidade “Sotero de Souza”.

Entre tantos colaboradores, coube ao maestro Sotero Caio de Souza a honra de ter o nome associado ao principal hospital da região fundado em 2 de fevereiro de 1873 e que chega aos 150 anos. A Santa Casa sempre esteve de portas abertas para atender ao são-roquense e ao cidadão brasileiro, mesmo antes dos tempos do INPS e de tantas outras siglas até a chegada do SUS, criado na Constituição de 1988. Com a ajuda de voluntários e a ajuda financeira fundamental da Prefeitura de São Roque.

O centenário arquivo do Jornal O Democrata resgata o motivo da homenagem ao maestro Sotero Caio de Souza, que nasceu em São Roque em 22 de abril de 1874 e faleceu no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1928. Viúvo e sem herdeiros optou por doar em testamento todos os seus bens para a Santa Casa de São Roque, mesmo tendo deixado a cidade ainda menino.

Um ano após a sua morte, O Democrata publicou na edição de 8 de setembro de 1929 que a diretoria da Santa Casa se reuniu em assembleia – após algumas convocações que não despertaram interesse – para tratar de vários assuntos, entre eles o “inventário deixado por Sotero Caio de Souza que institui a Santa Casa sua herdeira universal”.

Joaquim Leite Penteado Júnior conduziu a reunião e rendeu justa homenagem ao espírito altruístico [generoso; que doa sem esperar nada em troca] do maestro “que passou até aperturas para não diminuir o legado” [patrimônio]. O testamento foi preparado oito anos antes da sua morte.

A Santa Casa precisava apenas da adjudicação dos bens e do pagamento das custas e despesas do processo. A boa notícia é que o deputado são-roquense Euclides de Oliveira, conseguiu a isenção do imposto de transmissão causa mortis do Governo do Estado, atual ITCMD (Imposto sobre Transmissão “Causa Morte” e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos).

Não são relacionados os imóveis, mas o historiador Paulo Silveira Santos informa em outras publicações que são casas e terrenos em São Paulo e uma gleba de terra em Suarão (Itanhaém). Com os bens deixados, o professor Joaquim Silveira Santos comenta em “São Roque de Outrora”, capítulos publicados semanalmente em O Democrata entre 1936 e 1938, que a Santa Casa teve um grande impulso financeiro realizando investimentos no prédio e na compra de equipamentos.

Em São Roque, Sotero de Souza também foi homenagem com o nome da rua que começa na Padre Marçal e segue exatamente até à Rua Santa Isabel, onde está a Santa Casa desde 1909, então Chácara Arnóbio. Em Itanhém, outra homenagem com placa de rua onde consta o nome completo: Sotero Caio de Souza.

Na edição de 29 de setembro de 1929, O Democrata dedicou quase que toda a primeira página à Santa Casa com o balancete de 1º de agosto de 1928 a 31 de julho de 1929 e cerca de 1/4 de página com o “Legado de Sotero Caio de Souza”, o texto inclusive continua na segunda página e a redação do jornal pede desculpas aos colaboradores que não tiveram os textos publicados naquela edição por conta do espaço destinado ao hospital.

“Continuou, embora abastado, a viver pobremente do seu trabalho e de sua arte, indo extinguir seus dias em um leito de hospital particular apenas assistido por um amigo, chegando de véspera a seu chamado… Esse legado, se não vultoso, é pelo menos apreciável e providencial dado o estado verdadeiramente precário em que se encontram as finanças da Santa Casa”, destaca o texto.

MAESTRO E DONO DE LOJA DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

Ao deixar São Roque, Sotero de Souza montou em São Paulo uma loja de instrumentos musicais e partituras na rua Libero Badaró, 135. São encontrados registros que o estabelecimento ganhou fama e mudou-se para a Rua Direita, 47. Para entender essa história é fundamental a ajuda do educador financeiro José Vignoli, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, na publicação do site São Paulo Antiga (www.saopauloantiga.com.b/casa-sotero/).

Relata que em 1920, Giovanni e Pedro Camim adquiriam a tradicional loja de propriedade de Sotero Caio de Souza (1874-1928) e passaram a chamar o novo negócio de “Grande Estabelecimento Musical Campassi & Camin”, mas logo depois adotaram “Casa Sotero”, provavelmente aproveitando o nome consolidado no mercado musical da cidade, mesma época que mudou para rua Direita, nº 47.

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Vander Luiz

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